O primeiro dia de operações de 2025 viu o dólar americano atingir seu maior valor em dois anos. No entanto, a força do dólar em 2024 também teve um impacto significativo nos mercados de commodities.
Segundo Dan Basse, fundador e presidente da AgResource Company, 2024 trouxe importantes lições para os mercados de matérias-primas. Uma das maiores foi entender o quão crítico é o valor do dólar americano. E para começar 2025, o dólar continuou sua trajetória de valorização impressionante.
SARGENTO FOODS INC. | O segredo da empresa que produz os queijos mais vendidos nos EUA: faturamento de 1,8 bilhão de dólares
O primeiro dia de operações de 2025 registrou o dólar no nível mais alto desde setembro de 2022. Isso não apenas sinaliza que o Federal Reserve pode manter as taxas de juros em patamares elevados, mas também reforça as expectativas de que o dólar permanecerá forte neste ano, impulsionado pelas políticas propostas pelo presidente eleito Donald Trump.
O impacto no Brasil
Olhando para 2024, Basse destacou a importância do dólar nos mercados globais:
“Na manhã de quinta-feira, o rublo russo estava em 115, e o real brasileiro em 6,21. Isso está estimulando a produção fora dos Estados Unidos, e acredito que precisamos entender isso melhor para o futuro,” afirmou Basse.
A desvalorização do real, que caiu 23% em 2024, colocou a moeda como a pior entre os mercados emergentes. No entanto, esse cenário permitiu aos agricultores brasileiros manterem margens positivas, mesmo diante dos desafios globais.
“Enquanto as margens nos Estados Unidos estão apertadas, para os agricultores brasileiros e russos, elas continuam positivas, o que incentiva a expansão. Não vejo sinais de redução na produção global, e isso será crucial para o novo ano,” acrescentou Basse.
Para o setor agrícola brasileiro, o real desvalorizado tem sido uma faca de dois gumes: se, por um lado, torna as exportações mais competitivas, por outro, aumenta os custos de insumos importados, como fertilizantes. Este cenário, combinado com as políticas monetárias dos EUA, continuará sendo um ponto central para o agronegócio brasileiro em 2025.
A lição da China
Outra lição importante de 2024 foi a redução da dependência da China dos produtos agrícolas americanos.
“Os chineses reduziram significativamente as importações de milho e trigo no último ano. Para a soja, também desaceleraram,” explicou Basse.
O yuan chinês caiu para as mínimas de 14 meses em 2024 devido a preocupações com a saúde da segunda maior economia do mundo e à possibilidade de aumento de tarifas sob Trump. Nesse contexto, a China aumentou suas compras no Brasil, especialmente de soja, consolidando o país como fornecedor chave em meio a tensões geopolíticas e comerciais.
Jim Wiesemeyer, correspondente do Pro Farmer em Washington, destacou que a China será uma peça-chave a ser observada em 2025:
“A China está mostrando sua força, mas enfrenta uma economia relativamente fraca para seus padrões. Isso afeta suas importações e levanta preocupações geopolíticas, especialmente em relação a Taiwan.”
Principais lições de política em 2024
Entre os destaques de 2024 em políticas agrícolas e econômicas, Wiesemeyer apontou:
- Nenhum novo projeto de lei agrícola foi aprovado, com expectativas para 2025.
- US$ 21 bilhões em auxílio a desastres agrícolas.
- US$ 10 bilhões em assistência direta a agricultores.
- Os Estados Unidos venceram o caso do T-MEC sobre transgênicos contra o México.
- A gripe aviária se espalhou para outros animais e humanos.