Uma série de fatores combinados estão causando prejuízos graves e levando muitos a desistirem de produzir. Não me refiro apenas aos produtores de leite, mas a todos em geral.
Tivemos uma das maiores secas dos últimos anos, o que levou a um dos piores senários na produção agrícola, de culturas de milho e soja. Sem falar na produção de forragens que foi praticamente a zero, uma vez que não choveu, as pastagens não rebrotaram. O consumo de silagem, feno e/ou pre-secado, aumentou a ponto de consumir as reservas de muitos pequenos produtores. Sem falar nos preços dos insumos, principalmente sal mineral, preços que podem chegar a 30% ou mais de acréscimo.
Então, o que podemos fazer? Uma simples pergunta a uma difícil resposta. Analisar o cenário do ponto de vista técnico me parece um pouco mais fácil, baixar custos, ser eficiente, melhorar a gestão e por ai vai. Mas quando você esta do outro lado, o lado do produtor, a dificuldade aumenta.
Eu vivo 100% o mundo da produção leiteira, todos os dias, desde a fazenda até a industrialização, tive a oportunidade de conhecer distintas realidades em distintos países, e digo com propriedade, nunca vivenciei uma situação parecida com esta. Aumentos de preços de combustíveis, insumos agrícolas, alimentação tudo junto e misturado, é algo preocupante.
Olhando pelo lado da indústria, o poder de compra da população em geral diminuiu, o consumo de leite ou seus derivados diminuiu, principalmente entre a população de menor renda, forçando a indústria, que também veem seus custos de produção aumentar sem poder repassar este aumento, muitas vezes absorvendo-os.
Mas o que vamos fazer? “Me siga nas redes sociais que te ensino?” Acredito que não. Com a esperança que nos trouxe até aqui acredito em seguir trabalhando da melhor forma possível, analisado minuciosamente todos os detalhes, tentando eliminar todos os gargalos da produção, segurando firmemente as rédeas do jogo, esperar a tormenta passar, e gritar por socorro o mais alto possível.