O ano de 2024 começou com o anúncio de uma política industrial com ações e metas até 2026, o “Nova Indústria Brasil”, do governo federal. Ao mesmo tempo, indicadores como produção, produtividade e empregos confirmam o cenário de crise em que o setor está imerso. Um processo de desindustrialização do país que se arrasta há décadas: a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, que já chegou a 36%, hoje está em torno de 24%.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o faturamento da indústria brasileira terminou 2023 (dezembro) com queda de 2,3% em relação ao verificado em 2022. Seu patamar atual é o mesmo de sete anos atrás (2017). O nível de emprego teve redução, no mesmo comparativo (2023 x 2022), de 0,1%.
Na avaliação do engenheiro Reginaldo Júnior, com 15 anos de experiência em atividades industriais e que desde 2017 é CEO da Cogtive, plataforma de inteligência artificial para a gestão do chão de fábrica, a indústria do país está perdendo competitividade no mercado internacional, sendo que a produtividade média anual não passa de 0,6%.
Para enfrentar e superar essa situação, Reginaldo Júnior defende a adoção de um conceito: o de excelência operacional. Indústrias que colocaram em prática tal conceito têm resultados que demonstram ser por aí o caminho.
“A excelência operacional é um conceito fundamental na indústria de manufatura, pois visa otimizar todas as operações para alcançar a máxima eficiência, reduzir desperdícios e melhorar a qualidade dos produtos ou serviços entregues aos clientes”, assinala o especialista. “Está intrinsecamente ligada à busca pela qualidade em todas as etapas do negócio, desde o primeiro contato com o cliente até o pós-venda.”
Toyota, Nestlé, Adidas e Procter & Gamble (P&G) são algumas das corporações identificadas por Reginaldo Júnior que implementaram práticas e processos de excelência operacional. Eficiência na produção e na cadeia de suprimentos, rastreabilidade, qualidade consistente, inovação, redução de custos e índices de satisfação do cliente estão entre os principais resultados alcançados.
“Em resumo”, argumenta o CEO da Cogtive, “a excelência operacional é um caminho para o sucesso sustentável, em que cada etapa do processo produtivo é otimizada para entregar valor máximo aos clientes e garantir a competitividade no mercado”.
Assim, na avaliação do executivo, é urgente reverter o “baixo investimento tecnológico” que caracteriza o setor fabril no país, hoje. “Isso tem levado a pouca ou a quase nenhuma inovação, sendo um dos principais responsáveis pelas baixas no setor. Os parques fabris se tornam ultrapassados, gerando gargalos críticos que impactam o escoamento da produção na velocidade desejada para manter a relevância de mercado”, aponta.
A transformação digital vai além da automação das linhas de produção – deve incluir também a gestão do chão de fábrica. É para essa tarefa que se direcionam a solução em Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial (IA) desenvolvida pela Cogtive.
A tecnologia da empresa é adotada por diversos segmentos da indústria de manufatura, com destaque para farmacêutica, cosméticos, alimentícia e veterinária. No portfólio de clientes estão marcas como Granado, Hiperapharma, Eurofarma, Apsen, Acrilex, Ourofino e outras.
A tecnologia da Cogtive fornece dados em tempo real e uma visão de ponta a ponta do processo de produção fabril. Desse modo, gargalos, pontos de ociosidade e iminência de ocorrências são detectados com precisão.
A análise de dados e a inteligência artificial proporcionam ao gestor da linha de produção subsídios para a tomada de decisões – tanto as mais imediatas, para a solução de problemas pontuais, como as estratégicas.
Na Granado, por exemplo, com a adoção da solução da Cogtive, o volume de produção passou a crescer 10% ao ano. O parque fabril funciona em quatro turnos.
Com a identificação de gargalos, a empresa conseguiu reduzir o tempo necessário para a produção de um lote. Já a Apsen Farmacêutica diminuiu em 46% o tempo de fabricação dos seus produtos; outra cliente, a Ourofino, aumentou em 29% a performance média de seus equipamentos.
Diante de êxitos como esses, a Cogtive iniciou 2024 recebendo investimento de R$ 10 milhões da Indicator Capital, gestora early-stage de venture capital especializada em Internet das Coisas (IoT).