Um alto executivo mundial da Danone estará no Brasil nesta semana e pediu um encontro com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, informou uma fonte a par do assunto. O objetivo é reduzir a tensão causada por uma declaração recente do vice-presidente Jurgen Esser, há alguns dias, de que a empresa deixaria de comprar soja brasileira.
Léia também: Danone | O Poder da Soja e o Futuro da Indústria Láctea Global Pendurado em um Grão
Com a tentativa de aproximação, a Danone repete o movimento do Carrefour, que culminou na carta de desculpas do CEO global, Alexandre Bompard. Ontem, a multinacional acionou a embaixada da França em Brasília para mediar as tratativas com o Ministério da Agricultura por um acordo de paz.
Apesar da divulgação quase imediata de nota da Danone para explicar a declaração e afirmar que a compra de soja brasileira não havia sido interrompida, a avaliação de pessoas próximas ao ministro é que a ferida ainda está aberta. A empresa, segundo uma fonte, também estaria preocupada com uma possível retaliação à marca, como ocorreu com o Carrefour no Brasil.
Esse tipo de reunião também é visto como uma oportunidade para o Brasil reforçar sua posição, de não aceitar retaliações e medidas protecionistas no comércio agrícola.
EDAIRY MARKET | O Marketplace que Revolucionou o Comércio Lácteo
A fonte informou que o Brasil está em um momento privilegiado nas relações com a China, principal parceiro comercial brasileiro, que permite “erguer a voz” a outros países em situações como essa. O fluxo negocial com os chineses representa um colchão seguro aos empresários e ao governo brasileiro em caso de alguma interrupção pontual de embarques para outros destinos ou de rusgas diplomáticas.
Para um executivo da indústria de insumos, com bom trânsito em Brasília, a reação do governo brasileiro ao episódio com a França ficou aquém do necessário. Ele enfatizou que é preciso respeitar a diplomacia e os contratos vigentes, mas disse que o Brasil poderia sair da defensiva.
Ele via espaço para o governo aproveitar os debates multilaterais que o país tem liderado, como o G20 e o tema ambiental com a COP, para levantar o dedo aos franceses e apontar “defeitos” do lado de lá, não apenas exigir um pedido de desculpas.
A avaliação é que, apesar da retratação, o estrago está feito na imagem dos produtos do agronegócio brasileiro na Europa.