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5 dez 2024
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Sua influência transcende o setor agrícola, afetando os cenários alimentar, econômico e ambiental. A recente controvérsia da Danone ilustra como as decisões sobre a soja podem desestabilizar as cadeias de suprimentos globais e gerar tensões geopolíticas.
Aproximadamente 70% do uso da soja está associado à alimentação animal, incluindo gado leiteiro.
Aproximadamente 70% do uso da soja está associado à alimentação animal, incluindo gado leiteiro.

A soja é a espinha dorsal da alimentação animal em todo o mundo e desempenha um papel fundamental na pecuária leiteira. De uma produção global que deve chegar a 400 milhões de toneladas em 2023-2024, a maior parte é usada como ração, especialmente na pecuária intensiva, na forma de farelo.

Em média, uma vaca leiteira precisa de 1,5 a 2 kg de farelo de soja por dia, juntamente com outros componentes, como milho e outras forragens, dependendo de seu peso e produção.

 

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A soja nas rações do gado melhora a qualidade e o volume do leite produzido, devido ao seu teor de proteína. Isso destaca a ligação entre os setores agrícola e de laticínios na cadeia de valor geral.

Esse insumo melhora a conversão alimentar: para cada quilo de farelo de soja consumido, uma vaca pode produzir aproximadamente 2,5 litros de leite, um equilíbrio que garante eficiência e lucratividade, especialmente nos principais países produtores de leite, como os Estados Unidos, o Brasil e a União Europeia.

O Brasil lidera a produção mundial de soja, respondendo por 37% do total na temporada 2023-2024, seguido pelos Estados Unidos e pela Argentina. A China, o maior importador, consome cerca de 100 milhões de toneladas por ano, grande parte para alimentar sua gigantesca indústria pecuária.

 

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Em termos econômicos, a soja gerou exportações globais de quase US$ 65 bilhões em 2023.

Caso Danone

O recente caso da Danone e sua suposta decisão de parar de comprar soja brasileira gerou uma controvérsia global na área agroalimentar.

Em uma entrevista à Reuters, Jurgen Esser, CFO da Danone, indicou que a empresa não compraria mais soja do Brasil porque daria prioridade a ingredientes “sustentáveis”. No entanto, a empresa posteriormente negou essa afirmação, esclarecendo que continua a usar a soja brasileira, apenas garantindo que ela venha de fontes não associadas ao desmatamento, e enfatizou que grande parte de suas compras é feita por meio de intermediários que garantem essa rastreabilidade.

Em 2024, a soja brasileira representava um componente essencial no fornecimento global de farelo de soja para a indústria alimentícia. As declarações da Danone causaram preocupação entre produtores e exportadores, pois, se essa decisão tivesse sido tomada, o impacto teria sido significativo não só para a empresa, mas também para o mercado brasileiro, que gera receitas de mais de US$ 33,53 bilhões anuais com suas exportações de soja.

 

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A controvérsia também destacou as tensões sobre a Lei Antidesmatamento da UE, que exige uma rastreabilidade rigorosa de produtos como a soja.

Os produtores brasileiros descreveram essas medidas como protecionistas, e organizações como a Aprosoja denunciaram a declaração inicial da Danone como discriminatória. Se o abandono das compras tivesse se concretizado, isso poderia ter criado um precedente preocupante para o comércio agrícola internacional, especialmente com vistas a futuras regulamentações ambientais.

No final das contas, a soja é muito mais do que um insumo agrícola; ela é a pedra fundamental do sistema alimentar global. Para o mercado de laticínios, o desafio é integrar práticas mais sustentáveis e, ao mesmo tempo, manter a competitividade econômica. Nesse contexto, ações como a da Danone podem marcar uma mudança de paradigma.

 

Valéria Hamann

EDAIRYNEWS

 

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