ESPMEXENGBRAIND
22 maio 2025
ESPMEXENGBRAIND
22 maio 2025
Famílias da região de Campinas reclamam da demora no prazo para resposta e das negativas que não são justificadas. Há casos em que até decisões da Justiça são desrespeitadas.
fórmula
Fórmula infantil especial para crianças com alergia à proteína do leite de vaca — Foto: Reprodução/EPTV

Famílias do interior de São Paulo relatam que dependem de doações de fórmula especial para alimentarem seus filhos com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV), em meio à demora da Secretaria Estadual de Saúde para responder aos pedidos de fornecimento gratuito.

De acordo com a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (CAF), o prazo para atender às solicitações pode variar de 7 a 30 dias corridos, mas as famílias afirmam que, além de levar mais tempo, os processos são negados sem justificativa (veja os relatos abaixo).

EPTV, afiliada da TV Globo, ouviu famílias da região de Campinas (SP) que chegaram a entrar com ações na Justiça para obter o fornecimento. No entanto, elas contam que o Governo Estadual não tem cumprido as decisões judiciais.

Para auxiliar quem não tem condição de comprar o alimento, elas se uniram em um grupo online, onde trocam informações e mobilizam a doação. De Sumaré (SP), a advogada Patrícia Dias Aydar, mãe de um menino com 2 anos com APLV, diz que, sem a iniciativa, muitas crianças ficariam desassistidas.

Cada lata da fórmula infantil chega a custar R$ 300 e pode durar até três dias a depender do consumo da criança. Segundo ela, para algumas famílias, o custo mensal pode chegar a R$ 5 mil até que o bebê complete seis meses de vida.

 

A Secretaria de Saúde disse que ainda está avaliando os casos citados abaixo. Assim que houver retorno, a reportagem será atualizada.

Demora e negativas sem explicação

Para ter acesso às fórmulas infantis especiais por meio da Farmácia de Alto Custo, as famílias precisam entrar com um pedido oficial e apresentar uma longa lista de documentos e exames (confira abaixo).

O problema é que, mesmo seguindo os passos corretamente, muitas encontram dificuldades para ter o benefício. Patrícia conta que vê muitos desses casos no grupo que administra.

As reclamações vão desde a demora no prazo para resposta, até as negativas que não são justificadas. “Muitas vezes, justificativa que está fora do critério, mas não está. As documentações sempre estão certas.

A grande maioria que a gente analisa no grupo, todas vem muito bem detalhadas, certinhas. Não é uma negativa. Tem pessoas que já tiveram três, quatro, oito”, comenta.

Esse é o drama vivido por Fernanda Moreira, que mora em Hortolândia (SP) e é mãe da Ayla. Ela conta que teve o pedido negado duas vezes.

No começo de maio, a Justiça determinou em até 10 dias o fornecimento de oito latas mensais da fórmula, sob pena de multa diária de R$ 500. O prazo passou e a família não consegui fazer a retirada.

Grupo de WhatsApp ajuda famílias que dependem de doação de fórmula especial para crianças com alergia ao leite de vaca — Foto: Reprodução/EPTV
Grupo de WhatsApp ajuda famílias que dependem de doação de fórmula especial para crianças com alergia ao leite de vaca — Foto: Reprodução/EPTV

A filha do Rafael Diniz também foi diagnosticada com APLV após ter uma reação grave. Hoje, aos 7 meses, a menina depende da fórmula.

Assim como ocorreu com Fernanda, o pai precisou pedir o fornecimento judicialmente. A Justiça, então, determinou a entrega de 16 latas mensais do suplemento em 20 dias, mas, quase dois meses depois, a família ainda não recebeu nenhuma lata.

“Toda vez que a gente vai lá, eles não têm resposta de imediato. Tem que ficar esperando o tempo deles. Fica essa angústia para a gente, porque ela depende desse leite.

Graças a Deus, hoje nós recebemos doações, pois a gente participa de um grupo de mães que recebem o leite e as vezes fica sobrando”, declara Diniz.

“Quem vai entrar com processo do Alto Custo não tem como arrecadar valores para comprar a fórmula porque fica altíssimo no final do mês. A gente inclui no grupo as pessoas que precisam da doação e mães que um dia precisaram e conseguiram no Alto Custo”, afirma Patrícia. Assim, quem tem fórmula sobrando, doa para quem não tem condições de compra.

O que é a APLV

A Alergia a Proteína do Leite de Vaca (APVL), assim como outras alimentares, é desenvolvida pelo próprio sistema imunológico, que passa a reconhecer o leite (ou outro alimento) como algo ruim e desencadeia a reação alérgica quando ocorre o contato.

Ao ter contato com a proteína, a criança pode ter sintomas como coceira, diarreia, dor abdominal, vômito e vermelhidão. Em alguns casos, a reação pode até ser confundida com problemas respiratórios, dificultando o diagnóstico.

Patrícia, por exemplo, notou os primeiros sinais de que o filho era alérgico 40 minutos após o nascimento, quando o amamentou pela primeira vez. Ele teve manchas na pele, distensão abdominal e gases. Oito dias depois, com a persistência dos sintomas, ela teve que entrar em uma dieta rigorosa.

Isto porque a proteína do leite de vaca consumido pela mãe chega ao bebê por meio da amamentação e provoca a alergia. “Leite, derivado, utensílio de cozinha que eu precisava trocar. Demorei em torno de quatro meses para conseguir me adaptar. Quando consegui, meu menino estabilizou”.

 

Quais são os documentos para solicitar a fórmula infantil especial?

As famílias que desejam solicitar o fornecimento gratuito de Fórmulas Infantis Especiais ao Governo do Estado de São Paulo devem apresentar uma série de documentos. São eles:

  • Ficha de Avaliação para Fornecimento de Fórmulas Infantis Especiais, original, preenchida de forma completa e legível pelo médico responsável pelo atendimento ao paciente;
  • Prescrição da fórmula nutricional, em duas vias, elaborada de forma completa e legível pelo médico responsável pelo atendimento ao paciente, contendo o CID-10, o volume (mL) e a frequência de consumo diário;
  • Cópia de documentos pessoais do paciente, incluindo identidade, comprovante de residência com CEP e Cartão Nacional de Saúde (CNS).

 

Também são solicitadas as cópias dos seguintes exames a critério do médico prescritor:

  • Prick-test leite de vaca
  • Prick-test soja
  • RAST leite de vaca
  • RAST alfa-lactoalbulina
  • RAST beta-lactoglobulina
  • RAST caseína
  • RAST soja
  • Sangue oculto nas fezes
  • Alfa-1-antitripsina fecal
  • Relação albumina/globulina
  • Anatomopatológico de estômago, esôfago, duodeno e/ou reto.

 

Com os documentos em mãos, o paciente ou seu representante deve se dirigir a um dos locais de dispensação de medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica do Estado de São Paulo para entrega dos documentos e dispensação do medicamento.

Caso não possa comparecer pessoalmente, o paciente poderá designar representantes para a retirada do produto na unidade responsável. Nesses casos, é necessário fazer o cadastro de quem vai retirar por meio da apresentação dos seguintes documentos:

  • Declaração autorizadora;
  • Cópia de documentos pessoais do representante, incluindo identidade e comprovante de endereço com CEP;
  • Número de telefone do representante.

Te puede interesar

Notas Relacionadas