Resíduos de fibras naturais têm uso para a produção de ração animal, plásticos e até inseticida.
Estudantes do interior da Bahia desenvolvem sacolas de bioplástico feito com sisal Crédito: Ascom/SEC fibras
Estudantes do interior da Bahia desenvolvem sacolas de bioplástico feito com sisal Crédito: Ascom/SEC
Não muito tempo atrás, era comum que os produtores baianos localizados no território do Sisal, no nordeste do estado, utilizassem os resíduos da planta para adubar o solo assim que o processamento da fibra nas máquinas era concluído.

Contudo, nas últimas décadas, a possibilidade de usar o que era lixo para criar produtos novos começou a ser testada e, desde que ficou constatado que apenas 4% da fibra é realmente utilizada durante o beneficiamento, estudos e iniciativas novas que visam fortalecer a economia circular começaram a despontar no estado.

Gilvan Ferreira, pesquisador e especialista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), aponta que a busca por usos rentáveis dos resíduos sólidos do Sisal começou quando os produtores notaram que o gado se alimentava daquela matéria.

Desde então, foi observada a necessidade de tratar esse alimento, já que as fibras se acumulavam no intestino e poderiam causar problemas ao animal. Os produtores passaram, assim, a retirar a umidade dos resíduos da fibra.

“Foi feito feno desse material e também misturas com farelo de milho, soja, algodão ou outras leguminosas. Então, gerou uma alimentação muito rica para o gado. Tem gente em Conceição do Coité, inclusive, que já está vendendo ração. A coisa chegou a um ponto tal que a pessoa faz esse sistema e tem uma máquina que faz briquete, que seria a ração em pequenos granulados, e coloca ela para vender no mercado, e com boa resposta para a produção de leite e produção de carne também do animal”, relata Gilvan.

Dairy cows eating silage and grass on a farm in England, United Kingdom

Ainda é possível fazer uso do suco do Sisal, que corresponde a 80% dos resíduos da planta. Atualmente, a Embrapa tem duas patentes de combate do Aedes Aegypti e outros insetos, que é através de inseticida que usa o suco. Outro uso do líquido foi observado pelos próprios produtores, que notaram que, quando tirado, separado, diluído e aplicado, o suco reduzia em 70% os carrapatos do gado.

Para Gilvan Ferreira, é possível que em breve os produtos feitos a partir do lixo do processo de fios de fibras até mesmo supere em renda o valor arrecadado pelo produto principal. “Nós acreditamos que no futuro breve o uso do suco de Sisal para produzir em inseticidas e fármacos, além de alimento, gera um ganho de valor muito grande nesse bioproduto e é possível que no futuro ele até supere o valor da fibra.

Sem dúvida, vai gerar mais emprego, porque o produtor vai precisar colocar pessoas para se dedicarem a separar o suco do Sisal e a separar também esse material para fazer o feno ou a silagem. Então, eu creio que a região deve melhorar muito nessa área daqui para frente”, finaliza.

 

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O documentário de curta metragem foi contemplado pelo edital da Lei de Incentivo Paulo Gustavo, conta com o apoio da Prefeitura Municipal e tem como objetivo apresentar a relevância cultural, social e econômica da produção de laticínios em Carambeí, município cuja história se entrelaça com a imigração europeia e com a própria história do leite no Sul do Brasil.

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