Gêmeas idênticas, as irmãs Lucilene e Lucineia Tenório têm semelhanças que vão além da aparência. As duas estudaram juntas, moraram perto quando cresceram, trabalharam na mesma empresa e também tomaram uma decisão importante durante a pandemia: viver no interior do Espírito Santo. Mas não de qualquer jeito. Elas também decidiram investir em meio à tranquilidade do interior.
“Nós adquirimos essa propriedade há 18 anos. A gente fez a aquisição pensando na aposentadoria. Só que, com a pandemia, a gente antecipou todo esse projeto”, disse Lucineia.
De acordo com Lucilene, um dos motivos da ida das irmãs para o campo foi um diagnóstico de transtorno de ansiedade adquirido justamente durante a pandemia. As duas moravam em Vila Velha, município localizado na Grande Vitória.
“O corpo gritou e acho que esse momento foi a virada da chave para mim”, explicou Lucilene.
Após decidirem viver no interior de Santa Teresa, na Região Serrana no estado, as irmãs investiram na produção de café, de doce de leite e eucalipto, na criação de gado leiteiro, em hospedagens e, agora, seguem para mais um desafio: a construção de uma queijaria.
As responsabilidades das irmãs na propriedade são divididas. A rotina de Lucilene, por exemplo, começa bem cedo, cuidando das 12 vacas leiteiras no curral da propriedade onde moram. Para isso, a produtora fez cursos e sabe aplicar vacinas, dar medicamentos, além de fazer o pré e o pós-parto dos animais do local.
Dentro do curral, cada vaca é levada para um espaço onde é oferecida a ração e, enquanto os animais comem, testes são realizados para avaliar a qualidade do leite produzido. Em seguida, é feita uma higienização e iniciada a ordenha mecânica.
“A gente tem animal que produz 12 litros de leite, uns que dão 15 litros e outros, 18. Esse tempo vai demandar da quantidade. O tempo médio é de dez minutos de ordenha mecânica para cada animal”, explicou Lucilene.
A produtora contou ainda que após a ordenha, o leite é levado para a queijaria da propriedade, onde é iniciada a produção dos queijos.
Mas nem sempre foi assim. Em 2020, quando se mudaram para Santa Teresa, as irmãs adquiriram apenas cinco vacas leiteiras com o investimento inicial, que varia entre R$ 150 mil e R$ 180 mil para a aquisição dos animais e do maquinário necessário.
De acordo com Lucilene, o custo atual para deixar os animais presos no curral é alto e, para gastar menos, as irmãs mudaram o manejo, deixando os animais soltos no pasto.
“Hoje, o nosso manejo é a criação do gado confinado. Então, o trato pela manhã é com silagem de milho, silagem de capiaçu e também e a ração, que é responsável pela nutrição delas. Agora, com a assistência técnica de um nutricionista, ele nos orientou a fazer a mudança do manejo até para o bem-estar no animal. Isso porque percebemos que, se soltar o animal no pasto, ele fica muito feliz”, disse Lucilene.
A produtora explicou ainda que a propriedade vai trabalhar com piquetes, que consiste na divisão do pasto em partes.
Dessa forma, as vacas ocupam um piquete a cada dia, deixando os demais descansando por um período. Durante este tempo de descanso, o pasto se recupera e cresce novamente. Assim, a ideia é nunca faltar pasto para os bichos.
“Então, eles vão vir para o curral somente quando forem ordenhadas”, explicou Lucilene.
Enquanto Lucilene cuida do gado, Lucineia tem a missão de cuidar das hospedagens, que chama a atenção pela arquitetura aconchegante e lousas impecáveis. Ao todo, são dois chalés e uma casa germânica onde os turistas podem se hospedar.
O curioso também é que, visualmente, pela parte de fora, as casas também são “gêmeas”.
“Foi um sonho. A gente viu a necessidade de ampliação porque a gente só trabalhava com a casa germânica como hospedagem, mas a gente tinha a demanda de famílias e grupos querendo vir. Foi onde a gente construiu dois chalés para atender esse público”, disse.
No local, de acordo com a Lucineia, o público pode viver a experiência de morar no campo e, inclusive, em breve uma queijaria ficará pronta a apenas 200 metros da pousada.
“As obras começaram há um ano e meio e já estão na reta final. Aqui, logo que chegar, o cliente vai poder não só escolher o queijo do lado de fora, mas também vai poder acompanhar a fabricação”, disse Lucineia.
Segundo as gêmeas, todo o maquinário já foi adquirido para que uma produção 100% natural passe a contar com o apoio da tecnologia para ter a capacidade ampliada.
“Depois que termina a ordenha, o leite passa pelo tanque de resfriamento. Em seguida, passa pelo pasteurizador e, depois, esse leite vem para esse tanque de fabricação de queijo”, disse.
Além da produção de queijo, as irmãs querem ampliar a produção de doce de leite caseiro, uma das delícias produzidas no local.
“Também temos o tacho de fabricação de doce de leite com capacidade pra fabricação de 100 litros de leite apenas para o doce. Isso vai aumentar muito a nossa capacidade de produção diária”, explicou Lucilene.
Questionadas pela reportagem se as irmãs têm vontade de voltar para Vila Velha, as duas têm a mesma resposta na ponta da língua: não!
“Aqui é qualidade de vida. A gente precisa disso, era um sonho nosso e estamos aqui. Juntas, sempre juntas. A gente trabalha muito, a propriedade rural é uma empresa a céu aberto, mas é prazeroso, não tem preço que paga isso”, finalizou Lucineia.
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