A primeira metade do ano testemunhou uma produção abaixo das expectativas no primeiro trimestre, impulsionando parcialmente os preços ao produtor, devido à sazonalidade da produção menor durante o inverno.
Entretanto, a partir do segundo trimestre, a produção de leite no campo começou a se recuperar gradualmente, trazendo margens mais favoráveis para os produtores. Nesse período, o fortalecimento do real e a queda nos preços internacionais impulsionaram as importações de leite em pó, aumentando a disponibilidade de leite e limitando a recuperação de preços no atacado e varejo.
No segundo semestre, o aumento sazonal na produção, combinado com a alta disponibilidade de leite por meio de importações, resultou em uma correção nos preços ao produtor. Apesar dos preços mais baixos no campo, a recomposição de margens para a indústria foi restrita devido à demanda persistente abaixo das expectativas, especialmente no terceiro trimestre. A projeção é de que a produção nacional encerre o ano de 2023 com um leve aumento de 1,5%, após uma queda de 4,8% em 2022 (captura formal).
Mudanças na moeda, preços internacionais em queda e um aumento nas importações de leite em pó afetaram os preços ao longo do ano. Apesar de preços mais baixos para os produtores, a demanda permaneceu aquém do esperado, dificultando a recuperação das margens da indústria.
A demanda surpreendentemente baixa em 2023, apesar do crescimento econômico e do desemprego relativamente baixo, pode ser atribuída ao poder de compra reduzido dos consumidores, aumento da inflação de alimentos e à falta de programas adicionais de apoio financeiro.
As importações para o Brasil aumentaram consideravelmente em 2023, mas espera-se uma desaceleração até o final do ano. O Rabobank projeta uma recuperação moderada dos preços internacionais em 2024, o que pode reduzir a atratividade do leite importado.
Para o próximo ano, esperamos uma recuperação moderada dos preços internacionais, influenciando positivamente os preços para os produtores. O início de 2024 deve ver uma oferta de leite mais positiva, com margens favoráveis, e projeção de um crescimento moderado de 2% em volume ao longo do ano.
Apesar das perspectivas positivas, o crescimento econômico previsto para 2024 pode não ser suficiente para impulsionar significativamente a renda real dos consumidores. A estagnação da renda real e o envelhecimento da população são desafios persistentes para o consumo consistente de laticínios.
Apesar dos percalços em 2023, os envolvidos no setor de laticínios no Brasil estão otimistas para 2024. Há esperança de preços melhores, uma oferta mais equilibrada e margens um pouco mais generosas. No entanto, é crucial manter um olhar atento sobre os fatores econômicos e demográficos, que podem moldar o futuro da demanda nos próximos anos.
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