“Para agosto, temos uma leitura de leve deflação, muito por conta dos preços dos grãos”, diz Ruy Silveira Neto, responsável pela elaboração do ILC.
Acumulado no ano
No acumulado do ano, o ILC se mantém deflacionário, em 4,63%. É um comportamento que continua seguindo a tendência apresentada no Índice dos Preços Recebidos pelos Produtores Rurais (IIPR) dos períodos. O IIPR apresenta uma queda de 8,47% no acumulado do ano.
Nos últimos 12 meses, no entanto, a leitura do índice é inflacionária. “Tivemos um ápice em maio e depois estabilizou”, afirma o economista, descartando que as cheias e enchentes daquele mês tenham sido o principal fator da subida. “A inflação em abril já foi alta. O problema climático deu um tom acima”, acrescenta.
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Conforme a análise da Assessoria Econômica da Farsul, os dados fiscais preocupantes do Brasil geraram uma desvalorização cambial do real, o que afetou uma boa parte dos insumos da cesta, criando uma pressão adicional nos preços. O Brasil vem apresentando dados de crescimento do PIB acima das expectativas e um mercado de trabalho aquecido, podendo estimular o consumo contribuindo para valorização do preço ao produtor.
Fechamento em 2024
Silveira Neto descarta a possibilidade de o ILC encerrar 2024 com “grande inflação”. “Principalmente por não haver uma expectativa de que o preço de milho e soja vá subir muito. A previsão é de que o Brasil colha bem”, pondera o economista, salientando o peso da alimentação na formação do índice.
“Por mais que tenha um cenário um pouco inflacionário dentro do Brasil, que pode elevar preço de combustíveis, de energia e fertilizantes, ainda assim a alimentação, os grãos, tendem manter a estabilidade. Ou até mesmo de uma queda de preços, quando soubermos o tamanho da próxima safra brasileira”, afirma Silveira Neto.
O economista ressalta, no entanto, que “o cenário macroeconômico vem desancorando a inflação futura”, o que pode gerar um impacto adicional de aumento nos preços dos insumos, principalmente a partir de 2025.
“Este é um cenário exterior que pode contaminar o indicador. Pode fazer com que ocorra uma nova corrida do dólar, e isso pode puxar o indicador, até mesmo o preço dos grãos. Na soja, principalmente, o mercado internacional pesa muito na formação do preço no Brasil”, complementa o economista.
Fonte: Correio do Povo