Para atender famílias rurais da região, o Ceará investiu R$ 7,1 milhões na instalação da agroindústria de laticínios Terra Conquistada, no assentamento Nova Canaã, no distrito de Lacerda, em Quixeramobim.
A agroindústria foi inaugurada na segunda-feira, 17, com as presenças do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, do governador Elmano de Freitas (PT) e do secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Moisés Bráz.
Ainda durante o evento de inauguração, o Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) assinou convênio com a Prefeitura de Quixeramobim, concedendo R$ 3,5 milhões para o desenvolvimento de cadeias produtivas na Fazenda Cipó, espaço de 3.545 hectares que atende até 70 famílias diretamente e indiretamente em torno de 600 famílias.
Visto que a agroindústria pode proporcionar uma série de benefícios para o profissional do campo, a exemplo do desenvolvimento humano e econômico, Lucimério Araújo, gestor industrial na Cooperativa Regional da Produção Agroindústria Luís Carlos (Coopalc), responsável pela administração da Laticínios Terra Conquistada, falou sobre avanços conquistados pelas famílias do campo.
“Antes da nossa fábrica de laticínios, o leite era comprado de nossos agricultores na região por menos de um real o litro. Atualmente, a Terra Conquistada compra o leite às famílias por R$ 2,55 o litro. Isso representa melhoria de vida. Em uma estimativa, essas famílias recebiam por ano um valor em torno de seis salários mínimos, com a fábrica na região, essa média subiu para em torno de um salário e meio por mês”.
No total, a agroindústria entrega cerca de 4,6 mil litros de leite pasteurizado por dia, para 15 municípios da região. Já o quantitativo de leite restante é distribuído na produção de queijo, nata e requeijão, outros produtos feitos na Laticínios Terra Conquistada.
A produção de leite pasteurizado é destinado ao Programa de Nacional de Alimentação Escolar de Quixeramobim. A distribuição também é feita nos municípios de Senador Pompeu, Milhã, Deputado Irapuan Pinheiro, Solonópole, Piquet Carneiro, Banabuiú, Ibicuitinga, Ibaretama, Quixadá, Madalena, Itatira, Boa Viagem, Mombaça e Pedra Branca.
Os produtos também são comercializados em supermercados da região do Sertão Central, na rede do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de todo o Ceará, para a Marinha e para uma empresa que produz refeições coletivas para universidades, hospitais, penitenciárias e outros.
COMPROMISSO E CUIDADO
Durante a inauguração, o governador Elmano de Freitas mencionou os debates em torno da decisão de implementar a fábrica do setor de agroindústria no Ceará.
“Resulta, atualmente, em uma produção de leite qualificada. Aquela família que vivia no roçado para ganhar um quilo de feijão por dia, aquela família que vivia para dar metade da sua produção ao dono da fazenda para a qual trabalhava agora é uma das donas dessa agroindústria”. O governador destacou, ainda, outros aspectos fundamentais para a melhoria da vida no campo, entre eles educação, direito à terra e estradas de qualidade, pontuando serem também prioridades do mandato.
O ministro Paulo Teixeira aproveitou a solenidade para reforçar o compromisso do Governo Federal de fomentar o desenvolvimento da agricultura familiar.
“O presidente Lula lançou o Plano Safra da Agricultura Familiar. Nele, entre diversas proposições, garante aos assentados a retirada de até R$ 40 mil, com juros a 0,5%, tendo rebate de 40% para os que vivem da reforma agrária. Foi pensando no fortalecimento da agricultura familiar que a gente traz nesse novo plano o dobro do valor destinado anteriormente para mulheres da agricultura familiar, com aumento de R$ 6 mil para R$ 12 mil”, salientou Paulo Teixeira.
O ministro ressaltou que o Plano Safra tem, ainda, uma linha de apoio às cooperativas e mencionou que o governo federal irá lançar no decorrer deste ano novas ações voltadas à reforma agrária, entregando mais terra para aqueles que não têm terra e mais financiamento para instalações nessas terras.
MOTIVO PARA FICAR
Do total de 19 trabalhadores diretos da Laticínios Terra Conquistada, apenas quatro têm mais de 30 anos. Isso demonstra que a agroindústria tem dado oportunidade para os jovens permanecerem e se desenvolverem no ambiente rural. Além dos 19 empregos diretos, a fábrica gera 15 empregos indiretos e trabalha com 125 produtores da região, sendo 100 cooperados e 25 pequenos agricultores familiares, de 14 localidades, com quatro comunidades rurais, nove assentamentos da reforma agrária e um acampamento.
A dirigente do setor de produção do Movimento Sem Terra no Ceará, Clarice Rodrigues, avaliou a instauração do laticínio Terra Conquistada como a concretude da reforma agrária popular. “É a síntese do que nós queremos enquanto representantes da reforma agrária, como resultado da luta, da conquista pela terra. É importante ressaltar que o sonho de coordenar todo o processo da cadeia produtiva do leite nessa região vem sendo gestado há muito tempo. Aqui, estamos vendo o controle da cadeia produtiva acontecendo pelas mãos de quem produz de verdade nos assentamentos, nos acampamentos”.
Clarice também destacou que a ação foi possível por existir uma política pública alinhada às necessidades do povo do campo, como o Projeto São José. Promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), o São José realizou um investimento total de R$ 13 milhões na cadeia produtiva da bovinocultura leiteira no Sertão Central do Ceará.
“O projeto São José fez um investimento valioso e continuaremos realizando tudo o que for possível para que as mulheres, a juventude, as pessoas dos assentamentos tenham uma vida digna. Estaremos, cada vez mais, trabalhando para garantir as necessidades das famílias que precisam do sustento da terra”, reafirmou o secretário Moisés Bráz.
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