O programa Beef-on-Dairy surge como uma estratégia inovadora e eficiente que une a produção de leite e carne, aproveitando a genética de vacas leiteiras para cruzamentos com raças de corte.
Essa prática tem ganhado destaque em países como os Estados Unidos e começa a se consolidar no Brasil, com resultados promissores tanto na qualidade da carne quanto no desempenho econômico das propriedades. Você acredita que essa peça de carne (imagem em destaque) é proveniente de um cruzamento Jersey x Angus?
Ao integrar a produção de carne ao sistema leiteiro, o Beef-on-Dairy propõe uma nova abordagem para maximizar o valor de animais de menor valor genético na produção de leite, contribuindo para uma pecuária mais sustentável e rentável. A pergunta agora é: “O Brasil Está Pronto para o Beef-on-Dairy? “
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O Crescimento Global do Beef-on-Dairy e Seu Potencial no Brasil
No cenário global, o Beef-on-Dairy já tem mostrado resultados significativos, especialmente nos confinamentos dos Estados Unidos, onde os cruzamentos de vacas Holandesas e Jerseys com touros Angus ou Hereford resultam em carne de alta qualidade, como os cortes prime e choice.
Nos EUA, 90% da carne produzida em confinamentos desse tipo é classificada nessas categorias superiores, evidenciando o impacto positivo da prática.
A Califórnia, por exemplo, já possui dois terços de sua produção de carne prime advinda de cruzamentos Beef-on-Dairy.
No Brasil, a prática ainda está em fase de expansão, mas com iniciativas notáveis. Cooperativas como a Cooperaliança e a Capal já implementaram programas de cruzamento entre vacas Jersey e Holandês com touros Angus.
Essa prática tem o potencial de transformar a produção de carne de alta qualidade no país, agregando valor aos bezerros originários de rebanhos leiteiros e atendendo ao crescente mercado de carne premium.
Leite e Corte: O Futuro da Pecuária na Perspectiva do Beef-on-Dairy
O Futuro da Carne de Alta Qualidade Está no Beef-on-Dairy
Segundo Roberto Barcellos, agrônomo e zootecnista, proprietário da BBQ Secrets, o programa Beef-on-Dairy representa o futuro da carne de alta qualidade no Brasil. Barcellos destaca os resultados impressionantes obtidos nos confinamentos dos Estados Unidos, onde 90% da carne provém de cruzamentos desse tipo, e acredita que o Brasil tem potencial para seguir o mesmo caminho.
Ele cita cooperativas como a Cooperaliança e a Capal, que já começaram a implementar projetos Beef-on-Dairy com touros Angus, enfatizando a importância da qualidade dos touros para o sucesso do projeto.
“Talvez esteja aí o futuro da carne de alta qualidade do Brasil”, conclui Barcellos.
Melhoramento Genético e Gestão Inteligente no Beef-on-Dairy
Para a colunista do Compre Rural, Verônika Marianna M. Slota, médica veterinária e Superintendente Técnica Suplente da raça Jersey, reforça a importância da estratégia Beef-on-Dairy não apenas para a produção de carne, mas também para o melhoramento genético dos rebanhos.
Ela explica que, ao integrar a produção de carne com as vacas leiteiras, os produtores podem aproveitar melhor a genética já presente nas fazendas.
“Essa nova abordagem convida o produtor a olhar com mais atenção para o que ele já tem na fazenda”, comenta Verônika, destacando que o uso de touros de corte permite otimizar os resultados econômicos da propriedade.
Além disso, ela ressalta que a carne é mais facilmente associada à raça do que o leite, o que pode ser um diferencial para o mercado de carnes premium.
“Essa nova abordagem convida o produtor a olhar com mais atenção para o que ele já tem na fazenda”, comenta Verônika
Jersey x Angus: A Qualidade Excepcional da Carne no Beef-on-Dairy
A peça de carne apresentada por Roberto Barcellos, proveniente de um cruzamento Jersey x Angus, exemplifica a qualidade resultante desse tipo de cruzamento no programa Beef-on-Dairy.
Como se pode observar na imagem, a carne apresenta um marmoreio impressionante, com gordura intramuscular distribuída de forma equilibrada, o que confere sabor, maciez e suculência ao corte.
Essa característica de marmoreio é essencial para o mercado de carnes premium e é diretamente influenciada pela genética do touro Angus.
Ao cruzar vacas Jersey, que são tradicionalmente voltadas para a produção de leite, com Angus, o programa consegue gerar uma carne com padrão superior, adequada para nichos de mercado exigentes, como restaurantes de alta gastronomia e exportação.
O Brasil Está Pronto para o Beef-on-Dairy?
O Beef-on-Dairy tem o potencial de revolucionar a pecuária brasileira, integrando de forma eficaz a produção de carne e leite, promovendo sustentabilidade e agregando valor aos rebanhos leiteiros.
A qualidade da carne, como ilustrada na peça Jersey x Angus apresentada por Barcellos, demonstra que o cruzamento entre vacas leiteiras e touros de raças de corte pode produzir carne de alto padrão, adequada para o mercado de carnes premium. Tanto Barcellos quanto Verônika Slota destacam o papel crucial da genética e da gestão no sucesso do programa.
Diante dessa inovação, o futuro do Beef-on-Dairy no Brasil parece promissor. A questão que fica para o leitor é: será que os produtores brasileiros estão prontos para adotar essa prática e aproveitar ao máximo o potencial de seus rebanhos leiteiros?
O caminho parece claro, mas depende de uma mudança de mentalidade e de investimentos em genética e manejo. Você está preparado para essa transformação?