O leite e os produtos lácteos A2 ganharam destaque nos últimos anos, pois se tornaram o alimento perfeito para o grupo de consumidores que sentem desconforto ao consumir produtos lácteos, mesmo que não sejam intolerantes ou alérgicos a esses alimentos.
Após um processo de pesquisa, foi sintetizado um novo tipo de leite que, na verdade, não é tão novo assim. O segredo está em um nutriente específico, a beta-caseína, que se apresenta em duas formas e é essencial para que o leite e os produtos lácteos sejam bons.
O que são laticínios A2?
Embora se fale dos produtos lácteos A2, especialmente do leite, como uma novidade no setor ou como uma tendência que está se firmando entre os consumidores, a realidade é diferente. Tradicionalmente, o leite A2 era comumente produzido em fazendas ou por pequenos agricultores.
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Como os pesquisadores de genética bovina descobriram, em algum momento da história, as vacas sofreram uma alteração em seu DNA que levou ao surgimento do leite A1. A proliferação efetiva dessa mutação logo fez com que uma grande proporção desses animais produzisse exclusivamente ou principalmente leite A1.
Para neutralizar esse fato e restaurar a produção de leite A2, os fazendeiros favoreceram as vacas A2, promovendo sua criação de forma controlada e evitando cruzamentos desnecessários.
Em algumas partes do mundo, como na Austrália e na Nova Zelândia, as vacas A2 são a maioria e o consumo de leite A2 está totalmente estabelecido na população. A vaca frísia, que é a maioria na Europa, produz principalmente leite A1, embora seja comum que ela produza leite com ambas as betacaseínas.
Para verificar esse fator genético, um teste simples pode ser realizado para determinar o tipo de produção de leite. Descobriu-se que as raças de leite A2, como Jersey ou Charolês, são originárias principalmente da França.
Na Espanha, a primeira marca a começar a comercializar exclusivamente leite A2 iniciou sua atividade em 2017, como resultado de uma associação de produtores de leite da Galícia.
Quais são as características dos produtos lácteos A2?
A principal característica dos produtos lácteos A2 é seu teor de proteína betacaseína A2, que deve ser muito alto ou exclusivo, em comparação com os derivados do leite A1. A caseína é a principal proteína do leite e cerca de 30% desse nutriente é chamado de beta-caseína.
Isso significa que, por combinação genética, as vacas são A1A1, A1A2 e A2A2. Somente o último tipo de vaca pode produzir exclusivamente leite A2. Portanto, outra característica é a fonte de origem, que é muito específica.
Ao leite A2 e aos produtos lácteos A2 são atribuídas certas propriedades que lhes conferem maior valor nutricional.
De acordo com estudos realizados sobre os produtos lácteos A2, o leite usado tem vitaminas hidrossolúveis do grupo B e uma gama completa de outras vitaminas, como A, D, E e K. Assim como o leite A1, ele é uma fonte natural de cálcio, potássio, magnésio e fósforo.
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Entretanto, deve-se observar que a composição da proteína é importante devido à forma como ela atua no organismo quando ingerida. Estudos mostram que o leite A2 tem menos aminoácidos, em troca de uma porcentagem maior de proteína e gordura total.
Isso influencia, por exemplo, a forma como os produtos lácteos são processados e o tipo de coalhada ou o tamanho dos poros dos queijos.
Quais são os benefícios dos produtos lácteos A2?
O leite A2 e os produtos lácteos A2 estão indivisivelmente associados ao mantra de que são mais digeríveis, portanto, são recomendados para pessoas sem condições médicas, como intolerâncias ou alergias, que sofrem de qualquer desconforto ao consumir produtos lácteos.
Por exemplo, os laticínios A2 são recomendados para pacientes com síndrome do intestino irritável.
Além de promover uma melhor digestão, o leite e os laticínios A2 são benéficos por outros motivos:
- Ácidos graxos. Contém ácidos graxos saudáveis, como o ácido linoleico conjugado (CLA) e o ácido araquidônico (ARA), ambos nutrientes ligados ao melhor desenvolvimento da pele, do cérebro e do sistema imunológico.
- Mais energia. Por serem mais fáceis de digerir, tanto o leite A2 quanto os laticínios A2 funcionam melhor com o metabolismo e proporcionam um aumento extra de energia em relação ao leite A1.
- Melhores subprodutos. O leite A2 tem níveis mais baixos de gordura globular e um teor mais alto de ácidos graxos poliinsaturados do que o leite A1. Essa diferença faz com que seus derivados lácteos formem géis e coalhada com poros maiores.
Situação dos produtos lácteos A2 na Espanha
No mercado de laticínios da Espanha, estima-se que 34% das vacas que contribuem para a maior parte do leite, a partir do qual os derivados lácteos são produzidos posteriormente, embora a mistura com o restante (tipo A1 ou A1A2) não nos permita falar de um nicho comercial próprio.
Os laboratórios recomendam a triagem e a seleção genética para aumentar o peso dos produtos lácteos A2, desde que esse esforço produtivo resulte em maior retribuição e prestígio para os fazendeiros.
Por outro lado, a comercialização dos produtos lácteos A2 em particular, especialmente do leite A2A2, é de responsabilidade de duas marcas regionais com distribuição localizada no restante do país. São elas a Deleite e a LletLlet.
A primeira dessas marcas, de origem galega, foi a primeira na Espanha a concentrar sua atividade de produção nesse produto e a recompensar ou favorecer a criação de vacas A2. Além disso, isso é mostrado e diferenciado na embalagem do próprio produto, que também declara sua origem 100% galega.
Por outro lado, a LletLlet é uma marca da Ametller que vende leite e iogurtes, em geral, produtos lácteos A2. Ela tem uma presença menor em supermercados e está comprometida com o varejo em seu próprio espaço comercial on-line.