O sistema digital que vem transformando a rotina da produção de leite em Pangalengan, na Indonésia, entra agora em uma nova fase de expansão.
Depois de modernizar a operação da Cooperativa Pecuária de Bandung do Sul (KPBS), o modelo começa a ser implementado em outras três cooperativas de Java Oriental, marcando um avanço estratégico na digitalização do setor lácteo do país.
A iniciativa nasceu da adoção de um sistema de Planejamento de Recursos Empresariais (ERP), solução que a KPBS incorporou para reorganizar processos, aprimorar o controle produtivo e ampliar o acesso dos associados a serviços financeiros. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que apoia o projeto por meio de sua unidade na Indonésia e em Timor-Leste, o sistema já gera resultados consistentes para os mais de 2 mil produtores de leite vinculados à cooperativa.
O ERP melhora a gestão interna, simplifica a logística de captação e entrega, automatiza o gerenciamento dos membros e fortalece o monitoramento da saúde animal — uma das principais preocupações da cadeia leiteira indonésia. A transformação digital também abriu espaço para soluções inéditas no campo financeiro. A cooperativa lançou um serviço móvel de aprovação de crédito baseado na plataforma tecnológica, permitindo que 429 produtores tivessem acesso a empréstimos que somaram 11,6 bilhões de rupias, com análise e liberação em apenas um dia. Para centenas de famílias rurais, essa agilidade representa capacidade real de investimento e estabilidade de renda.
Todo esse movimento integra o programa “Promovendo Empresas de Pequeno e Médio Porte por meio do Acesso Aprimorado dos Empreendedores a Serviços Financeiros – Fase 2” (Promise II Impact), uma iniciativa da OIT financiada pela Secretaria de Estado Suíça para Assuntos Econômicos (SECO). O objetivo é acelerar a transformação digital no setor produtivo, gerar inclusão financeira e fortalecer modelos cooperativos em regiões estratégicas da Indonésia.
A relevância internacional do projeto foi evidenciada no mês passado, quando o vice-presidente do Conselho Federal Suíço, Guy Parmelin, visitou a KPBS acompanhado por uma delegação de alto nível. Parmelin destacou que a Suíça “se orgulha de apoiar a Indonésia em sua trajetória para um futuro mais sustentável e inovador”. Para ele, o que se vê em Pangalengan demonstra como tecnologias adaptadas ao contexto local podem empoderar agricultores, melhorar a eficiência produtiva e ampliar o acesso a recursos financeiros. “Trata-se de uma verdadeira parceria, combinando o dinamismo indonésio com a experiência suíça”, afirmou.
Aun Gunawan, presidente da KPBS, reforçou o impacto direto na vida dos cooperados. Segundo ele, a transformação digital não apenas elevou a qualidade e o volume do leite produzido, como também fortaleceu a renda familiar e abriu novas perspectivas para o futuro da atividade. “Estamos construindo um sistema mais forte, transparente e próspero para nossos membros”, disse.
A visita oficial marcou também o anúncio da expansão para outras três cooperativas: a KPSP Setia Kawan, em Nongkojajar (Pasuruan); a KAN Jabung Syariah, sediada em Malang; e a KPUD Tani Wilis, no distrito de Tulungagung. Todas receberão a mesma estrutura tecnológica que modernizou a KPBS, com adaptações para suas realidades regionais.
Para Simrin Singh, diretora da OIT para a Indonésia e Timor-Leste, as evidências coletadas no campo mostram que a tecnologia é um motor concreto de crescimento no setor lácteo. “Os benefícios que os produtores já experimentam comprovaram que as ferramentas digitais podem ampliar negócios, melhorar a governança e criar condições para trabalho decente”, avaliou.
Com a expansão em curso, a Indonésia dá um passo importante para conectar suas cooperativas aos modelos de gestão mais avançados do mundo. O avanço do sistema digital posiciona o país em uma rota de modernização que deve impactar diretamente produtividade, renda e competitividade internacional do leite produzido no arquipélago.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Mundo Coop






