Em alta desde junho, o preço do leite pago ao produtor finalmente recuou em novembro, informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), em relatório divulgado hoje. Desta forma, pela matéria-prima captada em outubro e paga aos produtores neste mês cedeu para R$ 2,0434 o litro na “média Brasil”, recuo de 5,3% ou de 11 centavos por litro ante outubro.
Segundo o Cepea, a queda no preço se deu mais por pressão dos canais de distribuição de lácteos com as indústrias em outubro do que por causa da esperada oferta maior de leite neste período do ano, quando as chuvas voltam, o custo de alimentação barateia e a produção aumenta sazonalmente, com os bovinos voltando ao pasto. “O consumo esteve enfraquecido em outubro, em função dos altos patamares de preços atingidos pelos derivados em meses anteriores”, diz o Cepea. “Como consequência, em outubro houve a redução dos preços médios de derivados importantes para a formação do preço ao produtor, como leite longa vida (UHT), muçarela e leite em pó.”
Para este fim de ano, o Cepea indica que a dificuldade será equalizar a demanda, sensível aos elevados patamares de preços de lácteos, com a oferta, que deve seguir restrita, já que a ocorrência do fenômeno climático La Niña deve afetar negativamente a atividade leiteira nos próximos meses. “Além disso, as expressivas altas dos custos de produção (atreladas, sobretudo, à valorização dos grãos) impossibilitam investimentos na atividade, além de já comprometerem as margens dos produtores, visto que ocorrem em um momento muito sensível de redução da receita”, continua o relatório do centro de estudos. “Outro agravante para a situação é a valorização da arroba ao longo deste ano, que acaba estimulando o abate de fêmeas. Assim, a produção de leite pode não se recuperar no verão, como em outros anos, o que pode frear o movimento de queda no campo.”