ESPMEXENGBRAIND
16 dez 2025
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O leite desnatado virou sinônimo de escolha saudável, mas um nutricionista alerta: a diferença é mínima e o efeito pode ser inverso 🥛
Cortar a gordura do leite resolve pouco e pode levar a excessos invisíveis ao longo do dia, diz nutricionista 🧠
Cortar a gordura do leite resolve pouco e pode levar a excessos invisíveis ao longo do dia, diz nutricionista 🧠

O leite desnatado está presente há décadas na rotina de milhões de consumidores que buscam uma alimentação considerada mais leve e equilibrada.

No entanto, um alerta recente de especialistas em nutrição voltou a colocar em debate se essa escolha, tão popular nos supermercados e cafés da manhã, realmente entrega os benefícios que promete.

A discussão ganhou força após declarações do nutricionista espanhol Julio Basulto, que analisou os impactos do consumo habitual de leite desnatado durante sua participação em um programa de saúde de grande audiência na rádio pública da Espanha. Segundo ele, o hábito de optar por versões sem gordura pode criar uma falsa sensação de segurança alimentar, levando a decisões que, no conjunto da dieta, acabam sendo mais prejudiciais do que benéficas.

De acordo com Basulto, a diferença nutricional entre o leite integral, o semidesnatado e o desnatado é frequentemente superestimada. Em termos práticos, a retirada de gordura representa uma redução relativamente pequena no produto final. O especialista destaca que o leite integral contém cerca de 3% de gordura, enquanto o semidesnatado gira em torno de 1,5%, e o desnatado chega próximo de zero. “A redução é realmente muito pequena”, observa o nutricionista, ao questionar se esse corte justifica a mudança de hábito.

Apesar disso, o consumo de leite desnatado continua elevado, impulsionado pela crença de que eliminar gordura automaticamente melhora o colesterol, facilita o controle do peso e protege o coração. Para Basulto, essa lógica é simples demais para um tema complexo como a alimentação. Ele ressalta que, no cotidiano, os efeitos dessa escolha não podem ser analisados isoladamente, mas sim dentro do conjunto do que se consome ao longo do dia.

Um dos pontos centrais do alerta está ligado ao comportamento alimentar. Segundo o nutricionista, produtos desnatados tendem a ser percebidos como opções “sem culpa”, o que pode abrir espaço para compensações quase imperceptíveis. “Quando algo parece mais saudável, a pessoa se permite exagerar em outras escolhas”, explica. No caso do leite desnatado, a menor presença de gordura compromete o sabor e a saciedade, dois fatores importantes no controle do apetite.

Basulto chama atenção para um efeito comum: ao considerar o leite desnatado insosso, muitos consumidores acabam recorrendo a bebidas lácteas, smoothies ou preparações industrializadas que contêm açúcar, adoçantes ou outros ingredientes adicionados. Esse movimento, segundo ele, soma calorias e açúcares que anulam qualquer vantagem obtida com a retirada da gordura do leite.

Outro aspecto citado é o papel da indústria de alimentos, que durante anos promoveu versões desnatadas como sinônimo de saúde. Para o especialista, essa estratégia ajudou a consolidar a ideia de que o problema estaria apenas na gordura, ignorando a qualidade geral da dieta. “Você economiza muito pouco e perde bastante, inclusive em sabor”, afirma, ao defender que a satisfação ao comer também é um componente relevante para evitar excessos posteriores.

A recomendação apresentada por Basulto vai na contramão do discurso tradicional. Em vez de eliminar completamente a gordura do leite, ele sugere consumir leite integral em pequenas quantidades, dentro de uma alimentação equilibrada e variada. O nutricionista reforça ainda a importância de ampliar o consumo de alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, grãos e oleaginosas.

Segundo ele, retirar a gordura do leite não resolve quando esse nutriente reaparece em outros produtos consumidos ao longo do dia, muitas vezes de forma menos consciente. O resultado é uma ilusão de controle, na qual o consumidor acredita estar fazendo uma escolha saudável, mas apenas desloca o excesso para outros alimentos.

O alerta final do especialista é direto: não existem evidências científicas robustas que comprovem benefícios claros do leite desnatado para a população em geral quando comparado ao integral, dentro de um consumo moderado. “Se fosse tão bom assim, já teríamos provas consistentes”, afirma.

Para o público, a mensagem é clara: mais importante do que escolher entre integral ou desnatado é olhar para o conjunto da dieta, evitando soluções simplistas para um tema que exige equilíbrio, informação e escolhas conscientes.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Jornal Correio

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