ESPMEXENGBRAIND
4 dez 2025
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Novo consenso técnico destaca que o leite segue essencial na nutrição, desmente equívocos e orienta quando a restrição realmente é necessária 📘
Ciência confirma benefícios do leite para todas as idades 📚
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O leite voltou ao centro do debate nutricional depois que um consenso técnico, elaborado por especialistas das principais entidades brasileiras de nutrição, reforçou algo que a ciência já vem dizendo há anos: o alimento é seguro, nutritivo e importante para a maioria da população. Publicado por profissionais da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), o documento chegou para derrubar equívocos comuns e orientar o consumo responsável, especialmente em um cenário em que a desinformação costuma ecoar mais alto do que as evidências.

A nutricionista Dra. Aline David, mestre e doutora pela USP, resume a conclusão de forma direta: o leite permanece entre os alimentos mais relevantes do ponto de vista nutricional. Segundo ela, excluir o alimento sem necessidade comprovada pode abrir espaço para deficiências evitáveis — da proteína ao cálcio, passando por vitaminas essenciais ao metabolismo e à saúde óssea e muscular. “Muita gente retira o leite por autopercepção de intolerância, sem diagnóstico. Isso prejudica a nutrição e não resolve o problema”, alerta.

1. Seguro para a maioria, exceção para poucos

De acordo com o consenso, não há evidências que sustentem a exclusão do leite da dieta de pessoas saudáveis. As exceções existem, claro, mas são específicas e devem ser avaliadas por profissionais. A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e a intolerância à lactose são condições distintas, com mecanismos e necessidades diferentes. A primeira envolve o sistema imunológico e requer retirada total; a segunda, muito mais comum, está ligada à redução da enzima lactase e costuma permitir consumo moderado.

2. APLV: rara, transitória e cercada de mitos

A APLV é frequentemente usada como justificativa para banimentos generalizados, mas os números contam outra história. Estudos citados no consenso apontam que a condição afeta cerca de 5,4% das crianças até 2 anos. Destas, 87% superam o quadro até os 3 anos e 97% até os 15 anos. A Dra. Aline lembra que o acompanhamento profissional é fundamental, tanto para o diagnóstico quanto para a reintrodução. “A retirada prolongada sem orientação pode ser mais prejudicial que benéfica”, afirma.

3. Intolerância à lactose não significa vida sem leite

Outro esclarecimento importante do documento é que a intolerância não exige excluir completamente o alimento. Uma pessoa diagnosticada costuma tolerar até 12 g de lactose por dia, quantidade próxima à encontrada em um copo de 200 ml de leite. Estratégias como fracionar porções, optar por versões com menos lactose ou usar enzimas sob orientação ajudam a manter o alimento no cardápio de forma confortável e segura.

4. Por que a retirada sem critério é tão problemática

O leite e seus derivados são fontes acessíveis de cálcio, proteína de alto valor biológico, vitaminas B2, B12 e D — nutrientes que fazem falta quando eliminados sem substituições adequadas. Crianças, gestantes e idosos são os grupos mais vulneráveis a essa lacuna. “É fácil criar um problema tentando resolver algo que nem existe”, resume a especialista.

5. Um alimento que acompanha todas as fases da vida

Com a variedade de versões disponíveis — integral, desnatado, sem lactose, A2 —, o leite pode ser adaptado às necessidades individuais ao longo da vida. A Dra. Aline destaca ainda que o leite materno permanece insubstituível até os seis meses e complementar até pelo menos dois anos, conforme recomenda a OMS.

O consenso ABRAN/SBAN reforça que o leite segue como um pilar da segurança alimentar brasileira e que buscar informações confiáveis é essencial para escolhas conscientes. Em um ambiente de excesso de opiniões e pouca evidência, a clareza científica segue sendo um verdadeiro serviço público.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Ciência do Leite

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