O preço do leite captado em junho/22 e pago aos produtores em julho/22 registrou forte elevação de 20%, chegando a R$ 3,1932/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea – um recorde da série histórica, iniciada em 2004

Trata-se do sexto mês consecutivo de avanço. Assim, desde o início de 2022, o leite no campo acumula valorização real de 43,7% (os valores foram deflacionados pelo IPCA de julho/22). Apesar da alta expressiva, esse não deve ser o teto de preços deste ano.

Pesquisas ainda em andamento do Cepea apontam que a média de agosto (referente à captação de julho) pode aumentar 10%, indo para acima de R$ 3,50/litro e renovando, portanto, o patamar recorde. A intensidade dessa alta para agosto supera a expectativa que os agentes do setor tinham até o mês passado, que era de manutenção no avanço dos valores, mas em ritmo menor do que o observado entre junho e julho.

Contudo, a disputa entre laticínios e cooperativas por produtores se manteve acirrada e isso deve sustentar a valorização no campo – assim como ocorreu com a compra do spot em julho. Ainda que os preços tenham caído da primeira para a segunda quinzenas, na média mensal, o leite spot subiu 18,5% em Minas Gerais, saltando de R$ 3,83/litro em junho, para R$ 4,54/litro em julho.

O encarecimento do leite no campo se relaciona à sua menor disponibilidade. É esperado que o avanço da entressafra intensifique a restrição de oferta, mas, neste ano, o setor enfrenta um enxugamento mais
drástico da produção, devido à combinação de uma seca mais intensa e de mudanças estruturais no campo, desencadeadas pelos menores níveis de investimento e pelo aumento nos custos de produção nos últimos anos.

As movimentações diárias do mercado de derivados entre 15 de julho e 15 de agosto já apontam para o fim no ciclo de valorizações, uma vez que os preços do UHT e da muçarela caíram mais de 10% no atacado paulista no período.

Essas quedas devem ser transmitidas ao campo no preço do leite captado em agosto e pago ao produtor em setembro. Outro fator que deve colaborar para o encerramento do movimento altista ao produtor a partir de setembro é o aumento das importações.

A baixa disponibilidade de leite e o aumento dos preços ao produtor e dos derivados em julho continuaram favorecendo a competitividade dos lácteos internacionais, de modo que as importações subiram mais 27% em julho.

Apesar da oferta seguir enxuta, o incremento considerável nos preços do leite e a queda nas cotações da ração devem estimular a recuperação gradual da produção no campo. Isso porque a relação de troca do leite com o milho tem estado mais favorável ao produtor, o que significa maior poder de compra do pecuarista frente ao insumo. Isso tende a incentivar um aumento na nutrição animal, o que, consequentemente, eleva os níveis de produção.

O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea cresceu 2,3% de maio para junho. Esse contexto, trelado
ao enfraquecimento da demanda e ao fim do período de entressafra na primavera, reforça a perspectiva de que o ciclo de alta no campo deve se encerrar em setembro.

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