“A volta das aulas escolares movimentaram as merendas também, que tem o consumo de lácteos. Então além da redução na oferta a gente também teve aumento na procura. Mas o ano vai ser difícil, o ano passado já demonstrou muita dificuldade mas a gente ainda tinha estoque de grãos e esse ano não temos, então agora estamos trabalhando no vermelho realmente”, avalia a técnica da Faep, Nicole Wilsek.
Em sua propriedade no município de Cândido Rondon (PR), o produtor Vilmar Fülber possui 170 animais que produzem 80 mil litros de leite por mês. Ele fez muitos investimentos no negócio nos últimos 3 anos e vem suportando a alta dos custos de produção que estão tomando quase todo o valor pago pela indústria. O produtor gasta R$ 1,70 para produzir cada litro de leite.
“No último mês recebi líquido descontado do fundo rural R$ 2,16. Já faz uns três anos que a gente tem esperança de melhorar e não está acontecendo. A gente tem muito investimento na atividade, por isso não é tão simples, pelo investimento que a gente já tem na atividade, e a gente gosta da atividade também, então não é tão fácil abandonar algo que a gente viveu uma vida”, revela o produtor.
Captação de leite em queda
O último boletim trimestral do IBGE, referente a julho, agosto e setembro de 2021, aponta que as indústrias compraram 6 bilhões 190 milhões de litros de leite cru.
O resultado representa a menor captação para um terceiro trimestre desde 2016. O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges acredita que o setor vai reagir nos próximos meses, e que a queda na oferta já era esperada.
“O leite precisa reagir e ele vai reagir. Já está reagindo o preço para o produtor e nós já esperávamos que a partir de fevereiro, março, o mercado desse uma mudança. Esperamos que tenha um controle maior e melhor da inflação apesar do ano não ser muito promissor em relação a isso, por ser um ano político, que pode trazer mais desequilíbrios e mais inconstâncias econômicas”, destaca o presidente de Abraleite.