Preços podem voltar a subir entre agosto e setembro com aumento das exportações, ainda segundo análise da consultoria
Os preços do milho no mercado interno recuaram em meio à desvalorização registrada no dólar e o início da colheita da segunda safra no Brasil. De acordo com levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na região de Campinas, São Paulo, o Indicador Esalq/BM&FBovespa, recuou 3,9% de 29 de maio a 5 de junho, com a saca de 60 quilos do cereal a R$ 48,20.
“Outro importante componente nesse cenário, mais para o Cerrado, é a boa condição de desenvolvimento da safra de inverno, com expectativa de uma produção bastante generosa, apesar dos problemas climáticos observados no Paraná, Mato Grosso do Sul e partes de São Paulo. A projeção é de uma safrinha próxima de 75 milhões de toneladas nesta temporada”, afirma o diretor da Céleres Consultoria, Anderson Galvão.
Além disso, o especialista ainda reforça que a pressão de baixa nos preços pode ser maior à medida que os trabalhos de colheita avançarem em importantes estados produtores como Mato Grosso e Goiás. “Com isso, é natural que a indústria de proteína animal se abasteça com milho em patamar mais baixo nos próximos 30, 40 a 60 dias”, reforça Galvão.
No entanto, preços de milho mais firmes podem ser registrados entre o final de agosto e início de setembro com as exportações ganhando ritmo, ainda na visão do diretor da Céleres. Em relação ao ano anterior, os embarques de milho seguem mais lentos e no acumulado dos cinco primeiros dias úteis de junho, o Brasil exportou 38.612,7 toneladas de milho, segundo relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em igual período de 2019, os embarques somaram 1.195.019,4 toneladas do grão.
“Sazonalmente, no primeiro semestre os sistemas logísticos trabalham para o escoamento da soja e farelo. Também tivemos uma escassez de milho no mercado interno desde 2019, com isso, os preços remuneravam mais que a exportação. E ainda acompanhamos uma desaceleração momentânea, para milho e outras commodities, com a Covid-19. Mas nós enxergamos um segundo semestre comprador de milho no Brasil”, explica o diretor.
Etanol de milho nos EUA
Galvão ainda destacou que nos Estados Unidos, algumas plantas de etanol já retomaram o processamento do cereal. E que após o derretimento dos preços do petróleo, efeitos da pandemia do novo coronavírus e da guerra entre Arábia Saudita e Rússia, as cotações da commodity já exibem recuperação no mercado internacional.