Natville intensificou sua estratégia de crescimento e passou a disputar de forma direta a liderança do mercado de laticínios do Nordeste, apoiada em um robusto plano de investimentos, ampliação industrial e fortalecimento da cadeia produtiva no semiárido.
A empresa, que já figura entre os principais grupos regionais do setor, aposta em escala, capilaridade e proximidade com o produtor para sustentar a expansão nos próximos anos.
Atualmente, a Natville reúne cerca de 2 mil produtores rurais integrados à sua operação, responsáveis pelo fornecimento diário de aproximadamente 1,1 milhão de litros de leite. Esse volume, segundo a própria companhia, deve crescer de forma consistente. O plano estratégico prevê alcançar 1,5 milhão de litros por dia e ampliar a base de fornecedores para 2,5 mil pecuaristas em um horizonte de até três anos, com as primeiras expansões industriais programadas a partir de 2026.
Para viabilizar esse avanço, o grupo destinou R$ 700 milhões em recursos próprios para modernizar a estrutura produtiva e ampliar sua presença geográfica. Entre os principais projetos estão a modernização de um laticínio em Jeremoabo, no interior da Bahia, e a construção de uma nova unidade industrial em Batalha, no estado de Alagoas. A empresa já opera fábricas em Nossa Senhora da Glória e Canindé do São Francisco, em Sergipe, além de União dos Palmares, também em Alagoas.
De acordo com a Natville, os investimentos têm como objetivo não apenas aumentar a capacidade de processamento, mas também melhorar eficiência operacional, logística e padronização de qualidade. A estratégia reflete uma leitura clara do mercado regional, marcado por forte pulverização de produtores, desafios climáticos recorrentes e crescente demanda por produtos lácteos com maior valor agregado.
Um dos pilares do plano de expansão é o apoio direto ao produtor rural. Nesse contexto, a empresa está implantando uma fábrica de ração em Nossa Senhora da Glória, em Sergipe, com capacidade para produzir até 500 toneladas por dia. A iniciativa busca reduzir os custos de alimentação do rebanho, especialmente durante períodos de estiagem prolongada, que historicamente pressionam a produtividade no semiárido.
Segundo fontes do setor, a verticalização parcial da cadeia, com oferta de insumos estratégicos, tende a aumentar a fidelização dos produtores e reduzir riscos de ruptura no fornecimento de leite. Para a Natville, o projeto também contribui para maior previsibilidade de custos e estabilidade na captação, fatores considerados críticos em um ambiente climático desafiador.
Do ponto de vista financeiro, a companhia projeta um faturamento de R$ 1,3 bilhão em 2025, com avanço para R$ 1,5 bilhão em 2026, impulsionado pela entrada em operação das novas unidades e pela ampliação do volume processado. A expectativa é que o crescimento venha acompanhado de ganhos de eficiência e diluição de custos fixos, reforçando a competitividade da empresa frente a outros players regionais e nacionais.
A movimentação da Natville ocorre em um momento de reorganização do setor lácteo no Nordeste, que vem atraindo investimentos industriais e consolidando cadeias produtivas mais estruturadas. Analistas apontam que empresas com forte enraizamento local, capacidade de investimento e foco no produtor tendem a ganhar espaço em um mercado historicamente fragmentado.
Ao apostar no semiárido como eixo central de sua estratégia, a Natville sinaliza uma visão de longo prazo para a região, combinando expansão industrial, geração de renda no campo e fortalecimento da produção local de leite. A disputa pela liderança regional, nesse contexto, vai além do volume processado e passa pela capacidade de integrar eficiência econômica, sustentabilidade produtiva e resiliência climática.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC






