ESPMEXENGBRAIND
13 out 2025
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O J.P. Morgan colocou Danone em observação positiva e rebaixou a Nestlé, às vésperas da divulgação dos resultados do terceiro trimestre.
Danone sobe no radar do J.P. Morgan, enquanto Nestlé tenta se recompor.
Danone sobe no radar do J.P. Morgan, enquanto Nestlé tenta se recompor.

Nestlé vive um momento decisivo no mercado global de alimentos e bebidas.

Às vésperas da divulgação de seus resultados financeiros dos nove primeiros meses de 2025, marcada para 16 de outubro, a gigante suíça enfrenta uma combinação de pressões macroeconômicas, mudança de liderança e revisões negativas de analistas, enquanto a francesa Danone aparece com uma perspectiva mais otimista segundo o J.P. Morgan.

Em um relatório publicado no início de outubro, a equipe de Bens de Consumo Europeus do banco norte-americano colocou a Danone em “Observação Positiva” e rebaixou a Nestlé e a fabricante francesa de bebidas Pernod Ricard para “Observação Negativa”. O documento, reproduzido pela Reuters e pelo Investing.com, destaca que o setor europeu de bens de consumo deve enfrentar alta volatilidade nesta temporada de balanços.

“As expectativas para um terceiro trimestre mais fraco se solidificaram, e o impulso das empresas se deteriorou mais do que o previsto”, diz a nota do J.P. Morgan.

Os analistas apontam que o ambiente de inflação mais lenta e o enfraquecimento da demanda, especialmente na América Latina e na Europa, podem pressionar os resultados de companhias com forte presença global — como é o caso da Nestlé.

🧑‍💼 Nova liderança à prova de fogo

A pressão chega em um momento de transição na cúpula da Nestlé. Em setembro, a companhia anunciou Philipp Navratil como seu novo CEO, substituindo Mark Schneider. O novo executivo enfrentará seu primeiro grande teste público nesta quinta-feira, quando conduzirá a tradicional conferência de resultados com investidores e jornalistas.

Navratil deve apresentar a estratégia para manter as metas de 2025, ao mesmo tempo em que tenta reconquistar a confiança do mercado após um segundo trimestre abaixo do esperado.

De acordo com os resultados anteriores, a Nestlé teve desempenho fraco em nutrição infantil (queda nas marcas Gerber e Nido), crescimento negativo em petcare nos mercados desenvolvidos e baixo desempenho de alimentos na Europa. O segmento de lácteos e sorvetes registrou um avanço modesto — 1,1% de crescimento orgânico, com apenas 0,2% de crescimento real (RIG) e 0,9% de aumento de preços.

🧪 Inovação como aposta

Para reverter a desaceleração, a Nestlé aposta fortemente em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A empresa anunciou recentemente o avanço de uma tecnologia proprietária de microgel de proteína do soro de leite (whey protein), voltada ao público que utiliza medicamentos de controle de peso, como os injetáveis à base de GLP-1.

A inovação permitirá criar bebidas prontas para consumo e soluções nutricionais específicas para perda de peso e recuperação muscular, um mercado em rápida expansão. Também estão no pipeline ingredientes bioativos para recuperação muscular e uma técnica patenteada que aproveita até 30% mais da fruta do cacau na produção de chocolate.

Esses movimentos indicam uma tentativa de recolocar a empresa na rota da inovação e da rentabilidade, apesar do contexto adverso.

💼 Visões de mercado: Danone em vantagem

Enquanto a Nestlé tenta reorganizar suas frentes, a Danone surge com uma visão mais favorável dos investidores. O J.P. Morgan destacou que o grupo francês — dono de marcas como Activia, Alpro e Danoninho — apresenta melhor visibilidade de lucros e múltiplos mais baixos, critérios que lhe garantiram a classificação de “Observação Positiva”.

O banco reforça que empresas com valuation menor e estrutura mais enxuta tendem a resistir melhor à volatilidade do próximo ciclo. Além da Danone, seguem com recomendação de “sobreponderação” companhias como Unilever, Kerry Group, Heineken, Coca-Cola HBC, Anheuser-Busch InBev e Imperial Brands.

🌍 Um contraste franco-suíço que resume o setor

O contraste entre Danone e Nestlé reflete o momento do setor global de alimentos: enquanto algumas empresas conseguem capitalizar tendências emergentes, como lácteos proteicos e produtos funcionais, outras ainda enfrentam queda de demanda e margens comprimidas.

Na América Latina — incluindo o Brasil — a Nestlé mantém posição de liderança no mercado de leite, iogurtes e nutrição infantil, mas também sente os efeitos do enfraquecimento do consumo e do ajuste de preços globais.

Com o novo CEO à frente e a atenção dos investidores voltada ao desempenho do terceiro trimestre, a Nestlé precisará provar que pode reconciliar tradição e inovação, enquanto Danone busca consolidar seu retorno à confiança do mercado.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Reporter e Investing.com

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