Assentamento do MST da Paraíba estreia sua primeira indústria de processamento de laticínios
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"Queremos fazer com que nossos produtos Nutrilê cheguem às mesas das famílias mais carentes a um preço justo"
Fruto do trabalho conjunto no campo e da luta pela reforma agrária popular, a inauguração da indústria de laticínios Nutrilê, ocorrida na última terça-feira (6), é o resultado dos esforços realizados pela Associação dos Agricultores e Agricultoras do Assentamento Ernesto Che Guevara e pela Cooperativa de Produção e Comercialização dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Curimataú Paraibano (Coopac).

Estiveram presentes na cerimônia de inauguração o vice-governador do estado, Lucas Ribeiro (PP), o Superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Antônio Barbosa; a Secretária de Desenvolvimento Humano, Pollyanna Dutra; o Secretário de Agricultura Familiar, Frei Anastácio; a vereadora Jô Oliveira (PCdoB) de Campina Grande/PB, prefeitos das cidades vizinhas, além de secretários de estado.

A conquista da fábrica de laticínios Nutrilê, localizada na Unidade de Beneficiamento do Leite, representa um avanço na luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e contou com o apoio do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza no Estado da Paraíba (Funcep), da emenda parlamentar da deputada estadual Cida Ramos (PT) e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

O surgimento da cooperativa A cooperação agrícola para o processamento dos produtos teve início em 2022. Atualmente, a cooperativa conta com a participação de 79 famílias dos assentamentos e comunidades do município, incluindo o Assentamento 25 de Julho, Assentamento Poço Verde, Assentamento Santa Clara, Assentamento Pedro Henrique e as Comunidades Cabeçudo, Cacimba Doce, Barra do Urubu, Salgado, Valério e Cacimba da Barra.

A ideia da cooperativa surgiu da necessidade de apoiar a comercialização dos produtos agrícolas e pecuários, especialmente o leite de cabra, que são típicos da região. Os cooperados possuem atualmente cerca de 500 cabras leiteiras, sendo 220 animais de alta genética, com uma média global de produção de 2 litros de leite por matriz por dia.

“O primeiro passo foi fazer com que as pessoas acreditassem que é possível desenvolver a agricultura e a pecuária, desde que compreendêssemos a nossa região. Primeiro, fizemos as pessoas sonharem… não é fácil convencer agricultores e produtores com 30, 40 ou 50 anos de idade, acostumados a um sistema de produção. Mas foi um processo que demonstrou que é possível”, afirma Augusto Belarmino, diretor de comercialização da Cooppac.

A cooperativa possui uma estrutura organizada, que começa com a associação dos produtores e desempenha um papel significativo na região para as famílias envolvidas, consumidores e sociedade em geral, contribuindo para o desenvolvimento social, produtivo e econômico do território.

A produção, geração de renda e melhoria da qualidade de vida no campo A indústria de laticínios está focada principalmente na produção de derivados do leite de cabra, como leite, queijo, ricota, iogurte e manteiga. Além disso, também processa o leite bovino. A cooperativa proporciona melhores condições de vida no campo e reduz o êxodo rural, já que o projeto impacta diretamente a vida das famílias camponesas que enfrentam grandes desafios de secas e estiagens.

Bruna Lima, de 22 anos, uma autêntica camponesa, começa o seu dia com o nascer do sol. Sua primeira tarefa é ordenhar suas cabras, uma atividade que aprendeu com seu pai, mas que despertou seu interesse somente após se juntar à associação.

“No que diz respeito à criação de cabras leiteiras, tem sido muito bom para nós, graças a Deus. Antes, criávamos cabras soltas, aquelas que vivem livremente pelo mato. As cabras leiteiras só surgiram depois da cooperativa. Tenho aprendido muitas coisas que antes eu não sabia. Isso tem aberto muitas oportunidades para minha família. Está nos ajudando a ter uma renda melhor para sustentar nossa casa”, enfatiza.

Seu Pêu, de 47 anos, que mora no Assentamento Poço Verde há 10 anos, destaca que agora consegue garantir mais de um salário com a produção de leite, sendo esta sua principal fonte de renda, graças à luta do MST.

“Isso é muito importante para nós, porque hoje é nosso meio de vida. Foi um grande benefício conseguirmos essa terra, esse lote aqui. Se não fosse isso, não teríamos condições de criar cabras, não teríamos como progredir e ganhar nosso sustento diário. Somos muito gratos ao MST, pois sem eles não teríamos conseguido. Temos neles uma grande força para lutar”, declara.

Esse é o papel da reforma agrária: coletivizar a terra e a produção por meio da organização. Buscar uma mudança estrutural na relação com o acesso à terra, recursos naturais, modos de produção e organização comunitária no meio rural.

“Este dia ficará registrado na história dos assentamentos de reforma agrária do município de Casserengue, onde conseguimos construir a primeira indústria de laticínios do MST na Paraíba. A conquista dessa agroindústria traz o mesmo sentimento e alegria de anos atrás, quando conquistamos o direito à terra.

É um tesouro valioso e enfrentamos o grande desafio de melhorar a qualidade de vida das mulheres e homens do campo. Queremos fazer com que nossos produtos Nutrilê cheguem às mesas das famílias mais carentes a um preço justo”, destaca

 

 

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