Captação de agosto não se recuperou como esperado e disputa das empresas por matéria-prima se intensificou

Depois de registrar forte queda acumulada de 12,1% em julho e agosto, em termos reais (deflação pelo IPCA de agosto/19), os preços do leite recebidos por produtores podem reagir em setembro.

Isso porque a captação de agosto não se recuperou conforme o esperado por agentes do setor e a disputa das empresas por matéria-prima se intensificou.

Segundo o último fechamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a “Média Brasil” líquida¹ de agosto, referente à captação de julho, fechou a R$ 1,3466/litro, recuo de 4,25% frente ao mês anterior (ou de quase 6 centavos/litro).

Naquele mês, o movimento baixista esteve atrelado à pressão das indústrias, que tiveram suas margens espremidas no primeiro semestre, por conta dos altos preços da matéria-prima e das fracas negociações dos lácteos.

No entanto, a oferta de leite no campo continuou limitada no decorrer de agosto. Para assegurar a compra de matéria-prima, diminuir a ociosidade não planejada (que se traduz em custos para as indústrias) e manter seus shares de mercado, as indústrias continuaram atuando com concorrência acirrada.

A maior disputa, por sua vez, impulsionou as cotações do leite no mercado spot na primeira e segunda quinzenas de agosto, conforme mencionado no Boletim do Leite de agosto/19. Os preços de derivados, ressalta-se, também se elevaram em agosto, como reflexo dos menores estoques.

Dois pontos são importantes para explicar a baixa oferta no campo neste momento. O primeiro é o fator sazonal, tendo em vista que o período seco prejudica a disponibilidade de pastagens. O segundo ponto está relacionado à conjuntura do mercado. Neste caso, a saída de produtores da atividade nos últimos anos e a grande insegurança em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo impactam negativamente a capacidade de crescimento da produção em 2019.

É importante lembrar que os preços do leite no campo são influenciados pelos mercados de derivados e spot, com certo atraso de um mês nesse repasse de tendência. Isso quer dizer que o preço ao produtor de setembro (relativo à captação de agosto) é influenciado pelas cotações dos derivados e spot de agosto.

Os preços ao produtor de outubro, portanto, deverão ser influenciados pelo desempenho dos mercados de derivados e spot de setembro, que, vale observar, registraram quedas de preços na primeira quinzena deste mês, pressionados pela expectativa de recuperação na produção, após o retorno das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste.

Leite spot: Depois da alta em agosto, preços caem em setembro Em agosto, as cotações do leite spot (negociado entre as indústrias) registraram expressivas altas, devido à menor oferta no campo nos principais estados produtores. No entanto, em setembro, os preços do spot recuaram, influenciados pelo enfraquecimento nas negociações envolvendo os derivados e pelas perspectivas de aumento da captação frente ao início do período de chuvas.

Em Minas Gerais, o preço passou de R$ 1,5404/l na primeira quinzena para R$ 1,4433/l na segunda, queda de 6,3%. São Paulo teve a mesma queda de 6,3%, com cotações chegando a R$ 1,4560/l na segunda metade de agosto. Goiás e Rio de Janeiro registraram baixas de 5,3% e de 4,4%, respectivamente, com médias de R$ 1,4714/l e de R$ 1,4903/l, respectivamente, na segunda quinzena de setembro.

¹ Considera os preços do leite recebido por produtores sem frete e impostos dos estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

Você pode estar interessado em

Notas
Relacionadas

Mais Lidos

Destaques

Súmate a

Siga-nos

ASSINE NOSSO NEWSLETTER