ESPMEXENGBRAIND
6 ago 2025
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A startup canadense Opalia alcança um marco no mercado de leite cultivado ao firmar seu primeiro contrato comercial com a Hoogwegt e prepara captação de US$ 4 milhões.
Opalia. O objetivo é avançar para uma produção piloto, consolidar os trâmites regulatórios e iniciar a comercialização.
O objetivo é avançar para uma produção piloto, consolidar os trâmites regulatórios e iniciar a comercialização.

A Opalia, startup canadense especializada na produção de leite cultivado a partir de células mamárias bovinas, acaba de dar um passo estratégico rumo à sua consolidação no mercado:

fechou seu primeiro contrato comercial com a multinacional holandesa Hoogwegt, uma das maiores fornecedoras privadas de ingredientes lácteos do mundo.

O acordo, com início previsto para 2026 e duração inicial de dois anos, prevê o desenvolvimento conjunto de uma linha de laticínios cultivados.

A parceria é fruto de uma colaboração iniciada em 2023, quando a Hoogwegt investiu pela primeira vez na Opalia.

“Percebemos que o próximo passo seria justamente mostrar ao mercado que é viável produzir leite em escala a partir de células mamárias bovinas”, destacou a CEO e cofundadora da Opalia, Jennifer Côté, em entrevista ao portal Green Queen.

Leite sem vacas: tecnologia disruptiva com apelo sustentável

Fundada em 2020 por Jennifer Côté e Lucas House, a Opalia é uma das poucas startups do mundo totalmente dedicada ao desenvolvimento de leite cultivado.

A tecnologia utilizada consiste em criar uma linhagem celular imortalizada derivada de tecido mamário bovino.

Essas células são cultivadas em laboratório e estimuladas a secretar leite, sem a necessidade de coletar novos tecidos animais.

Com isso, o processo se torna contínuo, escalável e independente de vacas no pasto.

Além disso, por não envolver contato com bactérias externas, o leite cultivado pela Opalia não precisa passar por pasteurização, mantendo um processo de beneficiamento mais simples, mas com rigor similar ao leite convencional.

Em 2023, a empresa superou um dos maiores obstáculos da produção celular: eliminou o uso de soro fetal bovino — um ingrediente controverso, tanto do ponto de vista ético quanto econômico — tornando o processo ainda mais viável e aceitável em padrões internacionais de bem-estar animal.

Diferença estratégica: leite integral verdadeiro

Ao contrário da carne cultivada, em que as células fazem parte do produto final, no caso do leite cultivado as células funcionam como “microfábricas vivas”.

O consumidor consome apenas o leite secretado, o que torna o processo de aprovação regulatória menos complexo. Isso também reduz custos e aumenta a velocidade de entrada no mercado.

A Opalia foca na entrega de leite integral completo, com todos os seus componentes originais — gorduras, proteínas, lactose — o que permite seu uso direto como substituto do leite tradicional e como base para queijos, iogurtes, cremes e produtos híbridos que combinem ingredientes vegetais e proteínas cultivadas para melhorar sabor e nutrição.

Rumo à escala piloto: captação de US$ 4 milhões

Com US$ 3 milhões já arrecadados em rodadas anteriores — com apoio da própria Hoogwegt, Big Idea Ventures, Ahimsa Foundation e governo do Québec — a Opalia agora prepara uma nova rodada para levantar mais US$ 4 milhões.

O objetivo é avançar para uma produção piloto, consolidar os trâmites regulatórios e iniciar a comercialização.

O principal desafio atual está na redução dos custos, especialmente no meio de cultivo celular, que ainda representa a maior fatia do orçamento.

A equipe de P&D trabalha ativamente em alternativas para baratear esse insumo sem comprometer a qualidade e segurança do produto.

Caminho regulatório e expansão internacional

A Opalia já está em contato com a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) e o Departamento de Agricultura dos EUA, além de monitorar os avanços regulatórios em outras regiões, incluindo Europa e Ásia.

Como o produto final não contém células vivas e é considerado um fluido secretado, os reguladores tendem a aplicar exigências menos rígidas do que as observadas em carne cultivada. Isso pode acelerar o tempo de entrada no mercado.

Reconhecimento internacional e impacto ambiental

Além do avanço tecnológico, a proposta da Opalia traz benefícios ambientais expressivos.

Segundo estimativas da própria startup, sua tecnologia pode reduzir em até 95% as emissões de gases de efeito estufa, economizar 90% de uso de água e requerer uma fração mínima da terra utilizada na pecuária tradicional.

Essa contribuição rendeu à Opalia uma indicação ao Earthshot Prize 2025, uma das premiações internacionais mais prestigiadas para iniciativas de sustentabilidade e inovação.

Concorrência global em crescimento

A Opalia não está sozinha nesse mercado promissor. Outras empresas também avançam no segmento de leite cultivado, como a Wilk (Israel), Senara (Europa), UnReal Milk da Brown Foods (EUA/Índia), Nūmi (França) e a americana 108Labs, especializada em leite materno cultivado.

No entanto, a diferenciação da Opalia está na entrega de um produto 100% lácteo, integral e funcional, abrindo espaço para uma nova categoria dentro da indústria láctea global: aquela que alia inovação radical com sustentabilidade e respeito ao bem-estar animal.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Vegan Business

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