Para proteger nossos pecuaristas, seria essencial a criação de cotas de importação do leite, que permita o comércio, mas não afete a nossa cadeia de produção.
leite
É natural a importação para estabilizar preços e garantir o abastecimento. Afinal, a maior parte dos consumidores de leite é pobre.
Há uma crise que se avizinha no segmento da produção de leite, por mais que estejamos alertando há meses, e que poderá afetar, de forma definitiva, a vida de pequenos e médios produtores.

É urgente que algumas medidas sejam tomadas, a fim de garantir a sobrevivência do pecuarista e manter o país entre os cinco mais importantes produtores mundiais.

A situação do produtor vem piorando há alguns anos. Os baixos preços pagos, diminuindo a margem de lucro, e a perda acumulada ao longo dos últimos anos, têm levado alguns produtores paulistas, em especial do Vale do Paraíba e do Mirante do Paranapanema, a abandonar o campo. Isso, certamente, vai afetar os melhoramentos genéticos contínuos que estão sendo feitos ao longo dos últimos 80 anos.

Estamos atentos para que essas bacias, que são importantes em nosso Estado, não desapareçam. A esse achatamento da lucratividade estão se juntando novos fatores, que afetam negativamente o frágil equilíbrio da bovinocultura leiteira.

 — Foto: Globo Rural
— Foto: Globo Rural

A importação desenfreada de leite em pó, em especial da Argentina e Uruguai, a partir de 2023, tem ajudado a piorar a situação. Apenas nos primeiros dois meses de 2024 essa aquisição aumentou em relação ao primeiro bimestre do ano anterior.

Assim como o Brasil, um dos maiores exportadores de commodities agrícolas mundiais, os nossos parceiros do Mercosul também têm direito de comercializar seus produtos. Todavia é notório que há um desequilíbrio que está impactando a competitividade do produtor brasileiro.

E, para proteger os nossos pecuaristas, acho que seria essencial a criação de cotas de importação, que permita o comércio, mas não afete a nossa cadeia de produção. Dessa forma, estabelecendo regras para a compra do leite em pó importado, garantiríamos o sustento de milhares de famílias e manteríamos viva a bovinocultura leiteira.

Programas como o Mais Leite Saudável, do governo federal, são importantes, por dar suporte ao setor produtivo por meio de um incentivo concedido às agroindústrias, laticínios e cooperativas, com a utilização de créditos presumidos do PIS/PASEP e da Cofins, na compra de leite in natura, mas é preciso avaliar se realmente o pequeno e médio pecuarista está sendo beneficiado.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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