Na soja, diz o especialista, devem produzir 113,6 milhões de toneladas, queda de 8% em relação as 123,6 milhões desta safra, derrubando os estoques em 2 milhões de toneladas. No milho a produção esperada é de 378 milhões de toneladas, bem acima das 366 milhões deste ano.
Índices
Como os estoques estão confortáveis, caminha-se para uma situação de preços internacionais estáveis. O índice de preços de alimentos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) subiu 1,8% em janeiro e está 3,7% abaixo de janeiro de 2018, puxado principalmente pelos lácteos.
Ainda segundo Marcos Fava Neves, a recém-criada Associação Brasileira da Internet das Coisas (Abinc) estima que, apenas na safra 2018/19, os investimentos nas inovações tecnológicas devem passar de R$ 100 milhões. Isso traz impactos positivos na produtividade, com o maior uso de sensores, equipamentos e outros serviços que medem as atividades e condições de clima, solo, plantas e desempenho de máquinas.
Para março, o docente aponta algumas variáveis importantes. “Se sair um acordo entre China e Estados Unidos no setor, a expectativa de plantio de soja e milho pelos americanos, o comportamento do câmbio e o clima incidente sobre a safrinha de milho no Brasil. Mas creio em estabilidade nos preços”, conclui.
Produção animal
Já a produção pecuária do Estado de São Paulo não apresentou grandes alterações nos últimos anos, de acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
A área total de pastagem apresentou queda de 2,8%, atingindo 6,7 milhões de hectares, provavelmente em função da perda de área para a produção vegetal. Os dados são do segundo levantamento das previsões de produção animal realizado entre 1º e 20 de novembro de 2018.
“De acordo com o levantamento, o número total de bovinos é de 10,4 milhões de cabeças, praticamente o mesmo registrado em 2017”, diz Carlos Nabil Ghobril, pesquisador do IEA. Os dados desagregados mostram que o número de bovinos de corte apresentou aumento de 2,6%, totalizando 6,4 milhões de cabeças; enquanto os bovinos destinados à produção de leite foram reduzidos em 6,6%, resultando em 1,1 milhão de cabeças.
A categoria gado misto também apresentou queda (-6,2%), atingindo 2,8 milhões de cabeças. “Nos últimos anos, o rebanho paulista de bovinos vem oscilando na casa dos 10 milhões de cabeças. Contudo, a demanda do setor de beneficiamento (laticínios e frigoríficos) e o volume oferecido pelos produtores têm apresentado dificuldades de se ajustar”, revela.
“A queda no número de animais da categoria misto, sem a especialização no ganho de peso ou na produção de leite, parece refletir a dificuldade de lidar com margens de retorno menores; da mesma forma, o segmento leiteiro também reduziu seu plantel. Os custos fixos e variáveis crescentes e a concorrência com o leite importado de outros estados são os principais obstáculos à permanência na atividade dos pequenos e médios produtores”, aponta Ghobril.
Itens
Em 2018, foi estimado que 3,7 milhões de cabeças estavam prontas para o abate, representando potencialmente uma oferta de 945,5 mil toneladas de carne bovina, praticamente o mesmo estimado em 2017. No mesmo período, a produção leiteira foi de aproximadamente 1,7 bilhão de litros, aumento de 7% em relação ao ano anterior.
“O produtor de leite paulista está mais especializado e conseguiu aumentar o rendimento de litros por animal por meio da melhoria dos índices de produtividade ligados à genética, nutrição animal e também pela melhor gestão da atividade”, diz Carlos Roberto Ferreira Bueno, também pesquisador do IEA.
A produção de aves para postura está estimada em cerca 51,9 milhões de cabeças e a produção de ovos totalizou 1,2 bilhão de dúzias, volume 8,8% maior que o apresentado em 2017; enquanto as aves para corte totalizaram 591 milhões de cabeças, equivalendo a uma oferta de 1,3 milhão de toneladas de frango, em peso vivo, que representa um decréscimo de 11,1% sobre o volume do ano anterior.
Suínos
A previsão do efetivo de suínos é da ordem de 894,2 mil cabeças. Os animais previstos para o abate totalizaram 1,3 milhão de cabeças, resultando em produção de 103,9 mil toneladas de carne, aumento da ordem de 8,4 %, recuperando a queda na produção de carne suína verificada em 2017.
“A crescente necessidade de melhora nos índices de produção e econômicos para cada cadeia (bovinos, aves e suínos) pode estar retirando da base de produção unidades produtivas que não conseguem acompanhar as exigências de cada segmento. A produção de outros estados que complementa a demanda paulista é outro fator que pode atuar de forma indireta na estabilidade dos números da pecuária paulista, aliada a uma demanda altamente dependente da renda em se tratando do complexo de proteínas animais”, conclui Bueno.
Marisa Zeferino, também pesquisadora do IEA, alerta para as questões climáticas e outros fatores externos podem influenciar estes números e expectativas. “O câmbio está entre as razões que contribuíram. A intenção de plantio, declarada no levantamento anterior, se efetivou, superando as expectativas”, ressalta.
“No entanto, as condições climáticas, fundamentais para o desenvolvimento da cultura de muitos produtos, incluindo o algodão, por exemplo, determinarão, nos próximos meses, os resultados. O mercado interno, outra importante peça do sistema, ainda é uma incógnita pois o cenário para 2019 não está definido”, completa.