A cadeia de produção de leite começa 2025 com a perspectiva de diminuição das importações e quadro climático mais favorável, o que anima laticínios e pecuaristas.
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“Devemos ter um começo de ano mais difícil para consumo do que tivemos em 2024”, observa Galan.

A cadeia de produção de leite começa 2025 com a perspectiva de diminuição das importações e quadro climático mais favorável, o que anima laticínios e pecuaristas. O cenário é bem mais positivo do que o de anos anteriores, quando cresceram as compras de matéria-prima do exterior, especialmente de Argentina e Uruguai, e sucessivas estiagens em importantes Estados produtores reduziram a oferta de matéria-prima e afetaram a produtividade no campo. Isso não significa, no entanto, que o segmento terá vida fácil nos próximos 12 meses.

 

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Neste ano, o aumento dos preços dos lácteos no mercado internacional e a desvalorização do real devem enxugar as importações brasileiras de lácteos, que bateram recorde no país em 2024.

“Para a indústria nacional, isso é bastante bom porque o produto importado estava entrando com muita força no Brasil”, afirma Valter Galan, sócio da Milkpoint. “Os preços que Uruguai e Argentina praticam subiram e estão mais próximos dos preços que vemos no Brasil. Isso, somado a uma taxa de câmbio mais elevada, provavelmente reduzirá a importação”. Segundo levantamento da consultoria, os valores, que eram de US$ 3,7 mil a tonelada em agosto, subiram para US$ 4,1 mil no fim do ano.

De janeiro a novembro de 2024, o Brasil importou 252,5 mil toneladas de lácteos, especialmente de Argentina e Uruguai, de acordo com as estatísticas do Ministério da Agricultura. O volume é pouco superior ao do mesmo período de 2023, quando as importações somaram 251,9 mil toneladas, mas 60% maior do que as 151,2 mil toneladas do intervalo entre janeiro e novembro de 2022.

 

importacao-leite — Foto: Arte Valor
Importacao-leite — Foto: Arte Valor

 

O aumento expressivo das importações levou o segmento a pedir a abertura de investigação sobre a possível prática de dumping por parte de Argentina e Uruguai. O governo brasileiro atendeu a solicitação no início de dezembro.

Se o virtual declínio das importações anima produtores, que terão menos concorrência, e indústrias, que não precisarão recorrer a um produto que já não tem custo competitivo como em anos recentes, ele vai reduzir a oferta do produto no mercado interno. Esse desdobramento pode encarecer o produto final — e o segmento já detectou que os consumidores estão resistentes a pagar mais pelo leite e seus derivados.

Inflação

 

Devemos ter um começo de ano mais difícil para consumo do que tivemos em 2024”, observa Galan. A inflação de leite e derivados medida pelo IPCA foi de 10,24% nos 12 meses até novembro, mas, no caso do leite longa vida (UHT), os preços subiram 20,38% nesse intervalo, quando a inflação no país foi de 4,87%.

No campo, há uma boa notícia, mas com desdobramentos que preocupam os pecuaristas. A novidade positiva é que, no momento, não há previsão de grandes problemas climáticos para a atual temporada. Com clima favorável, a produção nacional deve crescer, o que tende a pressionar as margens dos produtores, que tiveram um respiro no ano passado. Em 2024, o preço médio pago ao produtor de leite subiu 38%, para R$ 2,8065 o litro, de acordo com o Cepea.

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“O ano de 2024 foi de recuperação para o produtor de leite, com alta de preços em quase todos os meses, enquanto os custos de produção andaram de lado”, diz Juliana Pilla, analista da Scot Consultoria. Na avaliação dela, as perspectivas para 2025 são de produção crescente, o que deve pressionar os preços pagos ao produtor, comprometendo parte das margens que os pecuaristas conseguiram no ano passado.

Segundo levantamento do Cepea, em outubro, o produtor brasileiro de leite precisou de 24,51 litros de leite cru para comprar uma saca de 60 quilos de milho. O valor subiu 12,21% em relação a setembro, mas ficou bem abaixo dos 30,8 litros necessários em janeiro. “Se considerarmos a diferença entre preço pago ao produtor e o índice de custo, na comparação com o ano anterior, a margem do produtor teve uma melhora de 13% em 2024”, disse a analista.

Preços no teto

 

Na avaliação do secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat-RS), Darlan Palharini, os preços já atingiram patamares máximos, dada a dificuldade de repasse para o consumidor final. “O produtor brasileiro está recebendo quase o mesmo que o europeu, então não tem muito mais o que aumentar esse preço ao produtor, mas sim ganharmos em eficiência”, avalia.

Ele projeta que, sem catástrofes climáticas nem mudanças drásticas na economia, 2025 será um ano “tranquilo e equilibrado”. “Será um ano para o setor se capitalizar e crescer em demanda e também em produtividade”, diz.

A indústria brasileira precisa aproveitar este momento para consolidar sua posição, tanto internamente quanto no mercado global.

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