ESPMEXENGBRAIND
2 dez 2025
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Com o mercado saturado e insumos mais caros, o preço do leite tende a seguir pressionado até dezembro, segundo análises do Cepea 📊
Captação em alta e demanda fraca derrubam preço do leite no Brasil 🚜
Captação em alta e demanda fraca derrubam preço do leite no Brasil 🚜

O preço do leite pago ao produtor voltou a ceder em outubro e consolidou sete meses consecutivos de retração, segundo levantamento do Cepea/Esalq-USP narrado por pesquisadores do centro.

A “Média Brasil” do leite cru encerrou o mês a R$ 2,2996 por litro, queda real de 5,9% frente a setembro e recuo expressivo de 21,7% na comparação com outubro de 2024, já descontada a inflação. No acumulado de 2025, o recuo chega a 14,1%, reforçando um ambiente de mercado dominado pela oferta elevada e por uma indústria operando com estoques confortáveis.

Técnicos consultados pelo Cepea apontam que a pressão sobre os preços não decorre apenas da sazonalidade típica do segundo semestre, mas de um conjunto de fatores que inclui investimentos realizados em 2024, melhor manejo alimentar e condições climáticas favoráveis. Esse cenário sustentou a produção nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e diminuiu a intensidade da entressafra no Sul, prolongando a sensação de abundância no mercado interno.

Entre setembro e outubro, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) mostrou avanço de 1,65% na “Média Brasil”. Nas principais bacias leiteiras, a alta média foi de 3,7%, segundo atuação técnica do Cepea. Somado a isso, o acumulado do ano já indica aumento de 13,6% na captação, reforçando que o ritmo de produção segue acima da capacidade atual de absorção do mercado.

Os dados do IBGE confirmam essa tendência. A captação industrial de leite cru no terceiro trimestre alcançou 7,01 bilhões de litros, volume 10,3% superior ao observado no mesmo período de 2024. Com essa trajetória, o Cepea projeta que 2025 deverá encerrar com crescimento de 7% na produção industrial, atingindo o recorde de 27,14 bilhões de litros — um marco que reflete o desempenho vigoroso da cadeia no campo, mas também um desafio para a rentabilidade.

Além do aumento na produção doméstica, o avanço das importações ampliou ainda mais a oferta de lácteos no mercado brasileiro. Em outubro, o país trouxe 214,73 milhões de litros em equivalente leite, alta de 8,4% frente a setembro. Já as exportações recuaram 23,2% no mês, somando apenas 4,55 milhões de litros. No agregado de janeiro a outubro, as importações atingiram 1,86 bilhão de litros, enquanto as exportações totalizaram 54,48 milhões, com quedas de 3,9% e 34,8%, respectivamente. A combinação de forte produção interna com entrada elevada de produtos importados resultou em um abastecimento amplo e preços pressionados em toda a cadeia.

A indústria, por sua vez, relata dificuldade para repassar valores aos canais de distribuição. Com o varejo mais resistente, os derivados também apresentaram desvalorização importante. Segundo apuração do Cepea em parceria com a OCB, o atacado paulista registrou quedas de 4,08% para o queijo muçarela, 5,62% para o leite UHT e 2,9% para o leite em pó. Os preços médios deflacionados passaram para R$ 30,05/kg, R$ 4,03/litro e R$ 29,37/kg, respectivamente.

A pressão sobre o campo se intensifica porque, ao mesmo tempo em que os preços caem, os custos de produção voltaram a subir. O Custo Operacional Efetivo (COE) registrou alta média de 0,52% entre setembro e outubro, impulsionado pela valorização de insumos de alimentação animal e defensivos agrícolas. Com a alta dos grãos, a relação de troca também piorou: foram necessários 28,4 litros de leite para adquirir um saco de 60 kg de milho, avanço de 7,1% frente a setembro e de 2,3% acima da média dos últimos 12 meses.

Analistas ouvidos pelo Cepea avaliam que o impacto sobre a rentabilidade já leva muitos produtores a adotar postura mais conservadora, reduzindo planos de investimento e reavaliando estratégias de expansão. Esse movimento pode, gradualmente, provocar desaceleração da produção, mas seus efeitos tendem a aparecer apenas no início de 2026.

A expectativa atual é de que o mercado permaneça bem abastecido até dezembro. Conforme apontam especialistas do Cepea, a recuperação do preço do leite deve ocorrer somente a partir do segundo bimestre de 2026, quando a oferta tende a se ajustar e a demanda pode apresentar melhora gradual.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de  Portal do Agronegócio

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