O preço do leite voltou a ganhar protagonismo no varejo de Itaperuna (RJ) nas últimas semanas, depois de meses de instabilidade e de valores pressionados ao longo de 2024 e início de 2025.
A reportagem apurou, em visita a redes locais e em conversas com gestores de loja e fornecedores, que o litro do leite integral Longa Vida pode ser encontrado entre R$ 3,99 e R$ 5,49, sobretudo entre marcas populares que vêm ajustando sua estratégia de prateleira desde novembro.
De acordo com equipes de compras ouvidas pelo setor, a redução tem origem direta na ponta da produção. O valor pago ao produtor rural, que vinha recuando mês a mês no segundo semestre, finalmente começou a se refletir de forma mais consistente no varejo. A queda segue um movimento nacional de acomodação da cadeia leiteira, marcado por custos menores de alimentação do rebanho, estabilidade no clima e maior volume disponível no campo.
Empacotadoras e laticínios que abastecem o Noroeste Fluminense afirmam que a oferta mais robusta tem permitido trabalhar com margens menos pressionadas, o que abre espaço para negociações com supermercados e atacarejos. Um gestor de compras ouvido pela reportagem relata que “o período de pico de preços já ficou para trás”, e que o mercado opera hoje em condições mais tranquilas do que no mesmo período do ano anterior.
No fim de 2024, o litro do leite chegou a superar com facilidade a barreira dos R$ 6, e em algumas regiões do estado registrou valores ainda mais altos, impulsionado por custos elevados de produção, escassez de matéria-prima e reajustes logísticos.
Em Itaperuna, redes locais confirmam que a marcação de preços foi uma das mais tensas dos últimos anos, com forte oscilação entre promoções e reações do consumidor, que buscava alternativas mais baratas, como misturas lácteas ou embalagens promocionais.
Agora, o cenário é outro. A estabilidade das últimas semanas tem sido interpretada por analistas como um ponto de inflexão. Especialistas em varejo alimentar explicam que o cruzamento entre maior oferta, custos menores e reposicionamento estratégico das marcas gera um ambiente de competição mais acirrada, favorecendo descontos e campanhas semanais.
Algumas redes confirmam que realizam testes de preço na gôndola para medir a sensibilidade do consumidor após meses de turbulência.
Outro aspecto citado por consultores do setor é o comportamento de demanda. Com o poder de compra das famílias ainda apertado, o consumidor tem priorizado produtos com melhor relação custo-benefício. Isso pressiona as marcas a reforçar presença nas faixas mais acessíveis, especialmente no Longa Vida integral, que concentra grande parte das vendas na região.
Mesmo com a melhora no varejo, agentes da cadeia frisam que a retomada não significa folga permanente. O mercado segue atento ao comportamento dos custos para o início de 2026, especialmente no que diz respeito à alimentação animal e ao impacto de possíveis mudanças climáticas. Se a oferta permanecer elevada e os custos sob controle, a expectativa é de continuidade da estabilidade — cenário que, segundo gestores consultados, pode manter o preço do leite em faixas competitivas ao longo do verão.
Para os consumidores de Itaperuna, o momento é considerado positivo. A presença crescente de produtos entre R$ 3,99 e R$ 5,49 devolve ritmo às promoções e reacende o movimento das gôndolas, criando condições para um fim de ano mais previsível no setor lácteo. A avaliação predominante entre especialistas e varejistas é que a reacomodação da cadeia finalmente chegou ao caixa do consumidor — e deve seguir influenciando as compras nas próximas semanas.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Rádio Itaperuna 96 FM






