A menor oferta de leite no campo, resultado da seca e dos custos elevados com a alimentação do rebanho, fez com que os preços pagos pelo produto, em junho, referente à produção entregue em maio, apresentassem forte alta em Minas Gerais.

A menor oferta de leite no campo, resultado da seca e dos custos elevados com a alimentação do rebanho, fez com que os preços pagos pelo produto, em junho, referente à produção entregue em maio, apresentassem forte alta em Minas Gerais.

Conforme o levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor médio líquido registrado no Estado foi de R$ 2,35 o litro, alta de 8,08% frente ao mês anterior.  De janeiro até junho, os preços do leite acumulam alta de 15,2%. A tendência ainda é de oferta limitada do produto, o que é favorável para novas valorizações. Por outro lado, o menor poder de compra das famílias pode frear o consumo.

A valorização dos preços do leite é considerada importante para a remuneração dos pecuaristas, já que os custos de produção estão bem elevados, principalmente, em relação à alimentação do rebanho. De acordo com o levantamento feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de leite), o Índice de Custos de Produção de Leite – ICPLeite/Embrapa, em Minas Gerais, acumulou alta de 16,02% no primeiro semestre de 2021. Em junho, a elevação ficou em 3,14%.

A alta é puxada, principalmente, por itens que compõem a alimentação dos bovinos. No primeiro semestre, segundo o relatório da Embrapa, as maiores variações foram encontradas nos grupos que se referem à alimentação e suplementação do rebanho. Em primeiro lugar, veio a categoria Produção e compra de volumosos, com acúmulo de 29,87%; em segundo, o grupo Sal mineral, 18,13%; e, em terceiro, o grupo Alimentação concentrada, totalizando alta de 17,43%.

Diante do cenário de custos elevados e seca mais severa, o que limita a oferta de pastagens e prejudica a produção de grãos, a disponibilidade de leite está menor e os preços valorizando.

“Esse cenário é resultado da oferta limitada de leite no campo. Sazonalmente, durante o outono e inverno, o menor volume de chuvas prejudica a qualidade das pastagens e, consequentemente, a alimentação volumosa do rebanho. Para evitar quedas bruscas na produção de leite, a alimentação concentrada é fundamental. Contudo, neste ano, além de a seca ter sido mais intensa, a expressiva elevação do preço do concentrado tem dificultado os investimentos na atividade e reforçado a menor produção de leite nos últimos meses”, explicou a pesquisadora do Cepea Natália Grigol.

Nesse cenário de custos elevados, o Índice de Captação Leiteira (Icap-L) do Cepea recuou 1,67% de abril para maio. Com a menor oferta de leite em maio, as indústrias elevaram a competição pela compra de matéria-prima.

De acordo com o Cepea, as negociações de leite spot – negociações entre as empresas – estiveram aquecidas, e o preço médio em Minas Gerais saltou de R$ 2,19 por litro na primeira quinzena do mês para R$ 2,56 por litro na segunda quinzena, aumento de 16,5%.

Derivados lácteos mais caros nas prateleiras

Com a matéria-prima mais cara e os estoques de lácteos menores, os valores dos derivados lácteos também subiram. No caso do leite UHT a alta foi de 5,2%, no leite em pó, de 0,6%, e de 11,6% no caso da muçarela.

“É importante reforçar que a elevação nos preços dos derivados não significou demanda aquecida. As negociações de lácteos seguem pressionadas pelos canais de distribuição, já que as cotações estão em patamares elevados e a demanda está fragilizada, por conta do menor poder de compra de grande parcela da população brasileira”, explicou Natália.

De acordo com as informações divulgadas pela Embrapa, o mercado para o leite ainda é muito incerto e uma perspectiva de preços mais firmes dos lácteos vai depender, sobretudo, do comportamento da demanda.

Os pesquisadores da Embrapa ressaltam que alguns laticínios têm sinalizado que as compras enfraqueceram. No entanto, apesar de contar com menos recursos do auxílio emergencial, espera-se um impacto positivo da recuperação econômica em curso.

Dentre os fatores positivos que podem contribuir para a melhoria do cenário econômico e da renda das famílias, a Embrapa destaca as projeções de crescimento do PIB para 2021, que já superam 5%, ante as previsões em torno de 3% no início do ano. Também é esperada uma recuperação no mercado de trabalho, já que o avanço no processo de vacinação e a maior abertura do setor de serviços poderão auxiliar na geração de emprego e renda.

“Desde julho/2020, o saldo de admissões menos demissões têm sido positivo. Com o esperado retorno das aulas presenciais na maior parte do País em agosto, a retomada dos eventos e viagens, a normalização do food service, entre outras atividades, o cenário de restrições imposto pela pandemia vai se dissipando. Isso certamente é positivo para a economia brasileira”, explicou o relatório.

Mas os pesquisadores ressaltam que como o setor lácteo passa por momento complicado em termos de margens, custos altos e dificuldade para repasses de preços, é importante continuar com mais cautela neste momento e com uma boa gestão de custos.

A vaca é um dos animais mais importantes na produção de alimentos, sendo responsável por um dos itens mais consumidos no mundo: o leite.

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