Em Minas Gerais, o encarecimento dos produtos lácteos e o menor poder de compra das famílias, o que tem freado o consumo, estão contribuindo para a redução dos preços pagos pelo leite no campo.
Fonte: MyRecipes

Em dezembro, conforme apurado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o litro de leite entregue em novembro foi negociado a R$ 2,15, queda de 1,65% frente ao mês anterior.

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Mesmo com a recuperação das pastagens com as chuvas, a captação de leite cresceu apenas 2,6% em um mês | Crédito: Divulgação

A diminuição do preço no Estado é vista com preocupação no campo, uma vez que os custos de produção continuam altos, comprometendo ainda mais a rentabilidade do produtor e a condição de manter os investimentos.

Ainda de acordo com os dados do Cepea, assim como em Minas Gerais, no País os preços também voltaram a recuar em dezembro. O preço do leite captado em novembro e pago aos produtores este mês fechou a R$ 2,12 por litro na “Média Brasil” líquida do Cepea, recuo de 3% frente ao mês anterior e de 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado, em termos reais.

A pesquisa feita pelo Cepea mostra que, de janeiro até novembro, o Custo Operacional Efetivo (COE) acumulou alta de 17,68% considerando a média Brasil. O aumento foi puxado pela elevação nos preços de importantes insumos, como concentrado, adubos e corretivos, suplementos minerais e combustíveis.

“A desvalorização do real frente às moedas estrangeiras em 2021 acentuou o movimento de avanço dos custos de produção, tendo em vista que, além de estimular a exportação de grãos, também tornou mais cara a compra de insumos que dependem de matéria-prima importada”, explicou a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol.

Ainda segundo detalhado por Natália no relatório do Cepea, uma forma de ver como a elevação dos custos de produção corroeu a margem do produtor de leite em 2021 é comparar a relação de troca do leite frente ao milho.

“Na média de janeiro a novembro de 2021, foram precisos 42,6 litros de leite para adquirir uma saca de 60 quilos de milho, contra 33,9 litros em 2020, ou seja, queda de 25,7% no poder de compra do pecuarista leiteiro”.

Captação em baixa

Mesmo com o período chuvoso, onde há recuperação das pastagens, a produção de leite não tem respondido como nos anos anteriores, resultado das margens menores e desestímulo do produtor.

“A produção de leite seguiu limitada, justamente pelo aumento dos custos de produção e por consequentes desinvestimentos na atividade”, analisou.

Segundo levantamento do Cepea, o Índice de Captação Leiteira (Icap-L) registrou variação positiva de 2,6% de outubro para novembro, mas ainda acumula queda de 7% de janeiro a novembro.

Futuro mais favorável

Para 2022, as estimativas são de um cenário mais positivo para a produção de leite. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de leite), existem elementos favoráveis ao setor lácteo.

Os pesquisadores do Centro de Inteligência do Leite, da Embrapa, explicam que as estimativas de safras recordes de milho e de soja indicam possível redução dos preços do concentrado. Há ainda expectativa de melhora na renda das famílias com redução do desemprego e maior recurso de auxílio governamental, aumentando a demanda por alimentos, incluindo os lácteos.

“O aumento dos preços e da demanda internacional por lácteos, notadamente pela África e Ásia, em cenário de câmbio favorável, deve manter as importações menos competitivas, abrindo espaço para correções e recuperação de margens do setor. Considerando o cenário internacional mais positivo em 2022, seria importante para o Brasil aproveitar as oportunidades com a exportação e aumentar sua presença no mercado internacional de lácteos”, avaliaram os pesquisadores.

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