Nos seis primeiros meses de 2021, o preço médio do litro de leite pago ao produtor rural aumentou 35,56% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e levantados pelo Departamento Técnico do Sistema Famasul, divulgados nesta segunda-feira (30).
Entre janeiro e julho deste ano o valor médio estava em R$1,81 por litro de leite pago ao produtor rural. Em 2020 no 1º semestre o preço era de R$ 1,33 por litro. Segundo a analista técnica Eliamar Oliveira, esta valorização está sustentada na menor produção. Em um ano, a captação de leite em Mato Grosso do Sul diminuiu mais de 24%.
A produção com inspeção federal no estado foi de 88 mil litros nos seis primeiros meses de 2021. No ano anterior esse volume chegou a 116,6 litros durante o mesmo período. “A queda significativa na produção de leite é resultado do cenário crítico do clima, em que houve chuvas abaixo da média, frio intenso e geadas, que intensificaram a deterioração das pastagens, combinado ao aumento significativo nos preços de suplementos minerais e concentrados, que inviabilizaram o fornecimento regular de ração em proporção capaz de manter o volume produzido”, explica.
A relação de troca entre o leite e os principais insumos que compõem a mistura que alimenta o rebanho reduziu em 2021. No mês de julho, o produtor rural precisou dispor de 48,51 litros de leite para adquirir o composto de 70% milho e 30% farelo de soja. Essa quantidade foi 28,84% maior que os 37,65 litros necessários em julho de 2020.
“Esse resultado negativo na relação de troca ocorreu porque a valorização no preço do leite pago ao produtor não ocorreu na mesma proporção que a valorização do farelo de soja e do milho”, destaca Eliamar.
A analista também destaca que a queda no poder de compra é um indicativo de que os custos estão elevados e podem comprometer as margens e a rentabilidade da atividade leiteira. “É importante que o produtor conte com apoio técnico que o ajude a planejar e desenvolver estratégias que minimizem os impactos dos custos e garantam desempenho positivo da atividade”, recomenda.