A menor oferta de leite no campo e o excesso de chuvas registrado nas principais regiões produtoras fizeram com que o preço médio pago aos produtores apresentasse alta de 6,25% em Minas Gerais. Segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o leite captado em janeiro foi negociado a R$ 2,66 por litro. Em relação ao mesmo período de 2022, quando o litro de leite em Minas Gerais estava cotado a R$ 2,15, a alta ficou em 23,72%.
O aumento do preço no campo é importante para o setor, uma vez que os custos aumentaram e a falta de rentabilidade tem desmotivado os pecuaristas. Segundo o Índice de Custo de Produção de Leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em janeiro, produzir leite em Minas Gerais ficou 1,4% mais caro, alta que foi puxada, principalmente, pelo reajuste do salário mínimo.
De acordo com os dados do Cepea, na média Brasil, o preço do leite captado em janeiro subiu 5%, chegando a R$ 2,66 por litro, sendo 17,6% maior que o registrado em janeiro do ano passado, em termos reais(os valores foram deflacionados pelo IPCA de janeiro/23). A cotação é a maior média real para um mês de janeiro, considerando-se a série histórica do Cepea, iniciada em 2004.
“A elevação dos preços em janeiro é algo atípico, pois, historicamente, o começo do ano é marcado por baixas nas cotações, tendo em vista o aumento sazonal da produção. Contudo, neste início de 2023, verifica-se justamente o oposto: limitação da produção, em consequência do clima adverso, resultado do fenômeno La Niña”, explicou a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol.
Os dados divulgados pelo Cepea mostram que o Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) recuou 2,1% de dezembro para janeiro na “Média Brasil”. Nos estados da região Sul do País, houve retração média de 0,2%, resultado da estiagem na região.
Nos estados do Sudeste e do Centro-Oeste, incluindo Minas Gerais, houve queda de 2,3%, já que o excesso de chuvas prejudicou a produção.
Outro ponto importante são os custos de produção, que seguem firmes. “Além da questão climática, é importante destacar os preços firmes dos insumos, sobretudo da ração. Isso tem limitado as margens de produtores leiteiros, dificultando investimentos na atividade. Pesquisas do Cepea mostram que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira, no Brasil, subiu 0,68% em janeiro”, explicou a pesquisadora.
Em Minas Gerais, o Índice de Custo de Produção de Leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – que mede a inflação do leite para o produtor por meio da variação mensal do custo de produção de leite em propriedades localizadas em Minas Gerais – mostrou que, em janeiro, após quatro meses seguidos de queda, o custo de produção de leite voltou a apresentar variação positiva.
No primeiro mês do ano, o ICPLeite/Embrapa registrou uma variação de 1,4%, resultado que foi puxado, principalmente, pelos custos da mão de obra e dos itens que compõem o grupo Qualidade do leite.
Conforme os dados, a alta do custo de produção de leite do mês de janeiro foi resultante, principalmente, do reajuste do salário mínimo, que foi 7,4%. O impacto desse reajuste no grupo Mão de obra foi de 6,1%. O grupo Qualidade do leite variou 5,3%, resultado do aumento dos preços de itens de higiene da ordenha.
Em relação ao próximo pagamento, se por um lado a oferta no campo continuou limitada, por outro, o consumo segue enfraquecido.
“Agentes de mercado consultados pelo Cepea relataram aumento dos estoques de produtos lácteos depois do dia 20 de fevereiro e sinalizaram preocupações com a fragilidade do consumo por lácteos. Outro ponto que pode frear a intensidade da valorização no campo é o aumento das importações, já que os preços internacionais dos lácteos seguem tendência de queda”, explicou a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol.