Alta no valor recebido em maio referente a abril não cobre os custos de produção em Minas Gerais, aponta Cepea.
Menor capacidade de investimento limita a oferta de leite | Crédito: Eduardo Seidl/Palácio Piratini

Por mais um mês, os preços pagos pelo leite, em Minas Gerais, avançaram. A alta é considerada importante para os pecuaristas, que enfrentam elevação de custos significativa. De acordo com o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em maio, referente à produção entregue em abril, o pecuarista mineiro recebeu, na média líquida, 4,47% a mais pelo litro de leite, que chegou ao valor de R$ 2,57. No acumulado do ano, a alta está em 19,5%, uma vez que, em janeiro, o preço praticado era de R$ 2,15 por litro.

O setor, devido aos custos, vem trabalhando com margem apertada, o que também interfere de forma negativa na oferta do leite, aumentando a disputa entre os laticínios e dando suporte para a alta.

O membro da Comissão de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Curvelo, médico veterinário e produtor rural, Thiago Guimarães, explicou que a situação dos produtores está muito desfavorável.

A alta registrada nos preços do leite em maio e no acumulado do ano é insuficiente para cobrir os custos, que subiram a níveis muito superiores. O resultado são produtores desestimulados, reduzindo a produção e o rebanho e investindo menos.

“Em maio, os preços subiram ao produtor, cerca de R$ 0,10, porém, quando se olha os custos  e a referência dos anos anteriores, a alta é muito pequena. Este é um dos piores anos para o produtor de leite”.

Guimarães ressaltou que o resultado da falta de lucro com a atividade é a queda da produção. “Tivemos uma queda no volume nacional de 7% e em Minas Gerais, em mais de 10%. Os custos estão muito elevados. Avaliando a produção, 60% do custo é com a alimentação dos animais e todos os insumos subiram. Também tiveram alta os adubos, sementes, insumos dos concentrados, pré-mix, energia elétrica e combustível. Em uma fazenda de leite, toda locomoção e operação demanda energia elétrica e óleo diesel”.

Nacional

Considerando a média Brasil do Cepea, o valor pago pelo leite subiu 4,8% em maio, frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,54 por litro. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 12,4%, em termos reais. Desse modo, desde janeiro, o leite no campo acumula avanço real de 15%.

A pesquisadora do Cepea Natália Grigol explicou, no relatório, que a valorização de leite no campo é resultado da menor oferta, que, inclusive, tem intensificado a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima.

“A menor produção de leite é explicada pelos elevados custos de produção e pela diminuição dos investimentos ao longo dos últimos meses – o que tem reduzido o potencial de recuperação da oferta mesmo diante do aumento dos preços pagos ao produtor”.

Natália afirmou ainda que, apesar dos gastos com o concentrado terem recuado ligeiramente devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue elevado.

“Outros insumos se valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral. Com isso, a margem do produtor de leite seguiu pressionada neste primeiro quadrimestre do ano”.

Outros fatores que têm colaborado para a alta dos preços do leite, segundo o Cepea, são o aumento das exportações e queda das importações de leite. “A queda nas importações e o forte crescimento nas exportações em abril reforçaram a competição entre os laticínios para a captação de matéria-prima”.

O resultado é a maior disputa pelo leite nas negociações entre as empresas. O levantamento do Cepea mostrou que, em Minas Gerais, o preço médio mensal do leite spot (entre as empresas) subiu 9% de março para abril, em termos reais, chegando a R$ 3,02 o litro no último mês.

Para o próximo pagamento, a tendência é de nova alta. Mesmo com o aumento do preço, a oferta segue limitada pela menor capacidade de investimentos por parte dos pecuaristas e também pelo período seco, que reduz a oferta de pastagem.

Do lado das indústrias, mesmo encontrando dificuldades em repassar o aumento dos preços, os estoques estão baixos e as indústrias voltaram a disputar a compra da matéria-prima na segunda quinzena de maio.

Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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