ESPMEXENGBRAIND
23 dez 2025
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A produção de leite na região de Santa Rosa mantém volumes elevados, mas concentra renda e tecnologia em menos propriedades 🐄
Levantamento da Emater/RS-Ascar mostra que a produção de leite avança em eficiência enquanto perde produtores 🚜
Levantamento da Emater/RS-Ascar mostra que a produção de leite avança em eficiência enquanto perde produtores 🚜

A produção de leite movimenta mais de R$ 1,7 bilhão por ano na região de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, consolidando-se como uma das bases econômicas do Noroeste do Estado, mesmo em um cenário de forte redução no número de produtores ao longo da última década.

Os dados fazem parte do 6º Levantamento Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite, conduzido pela Emater/RS-Ascar e iniciado em agosto de 2025.

O trabalho envolveu os 45 escritórios municipais da região, com apoio de cooperativas e indústrias de beneficiamento, abrangendo mais de 100 indicadores ligados à produção, adoção de tecnologias, comercialização e industrialização. Segundo Jorge João Lunardi, assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, o estudo oferece uma radiografia detalhada de uma das maiores bacias leiteiras do Rio Grande do Sul e serve como base técnica para políticas públicas e estratégias de desenvolvimento regional.

A atividade leiteira representa hoje a segunda principal fonte de renda agrícola dos municípios que compõem os Coredes Fronteira Noroeste e Missões. Ao todo, são 4.299 estabelecimentos que comercializam aproximadamente 1,67 milhão de litros de leite por dia, abastecendo mais de dez indústrias e agroindústrias locais. No acumulado anual, o volume chega a cerca de 635 milhões de litros.

Entre 2015 e 2025, o levantamento identificou uma queda de 71% no número de produtores de leite na região. Apesar disso, o volume total produzido se manteve relativamente estável, sustentado por um aumento de 37% na produtividade média por vaca. O movimento, de acordo com os técnicos da Emater, evidencia um processo de concentração da atividade em propriedades mais tecnificadas e capitalizadas.

Atualmente, a produção regional é sustentada por um rebanho de 131.877 vacas, com produtividade média de 5.152 litros por animal ao ano. O perfil genético do rebanho é predominantemente holandês, que representa 64% dos animais, seguido por Jersey (18%) e vacas cruzadas. A produção de leite está presente em 93% das unidades de agricultura familiar, com área média de 20 hectares, reforçando seu papel social no meio rural.

A estratificação produtiva mostra que 60% dos estabelecimentos produzem até 300 litros por dia, enquanto 81% permanecem abaixo de 500 litros diários. Apenas 14% produzem entre 501 e 1.000 litros por dia, e 7% superam a marca de 1.001 litros diários. Ainda assim, o crescimento do grupo de maior escala sinaliza uma mudança estrutural em curso.

No manejo, o sistema predominante é o pastoreio rotativo com suplementação, adotado por 85% das propriedades. O semiconfinamento aparece em 10% das unidades, enquanto sistemas de confinamento, como free stall e compost barn, já estão presentes em 5%. A irrigação alcança 11% das propriedades, impulsionada pelo Programa Estadual de Irrigação da Secretaria da Agricultura.

Na ordenha, quase metade das propriedades utiliza sistema canalizado, enquanto 23% ainda operam com balde ao pé e 27% com transferidor. A infraestrutura é considerada adequada na maioria dos casos: 89% possuem local específico para ordenha, 68% contam com sala com fosso e 32% dispõem de piso calcado na sala de espera. Dezessete propriedades já adotaram sistemas de ordenha robotizada, indicando avanços pontuais em automação.

O resfriamento do leite é realizado em 99% das propriedades por meio de tanques isotérmicos de expansão direta, e 92% utilizam água quente para higienização. Segundo Lunardi, esses fatores têm contribuído diretamente para a melhoria dos indicadores de qualidade do leite, juntamente com avanços em genética, nutrição, sanidade, bem-estar animal e adequação das instalações.

O levantamento aponta ainda que 30 municípios da região mantêm programas municipais de fomento à produção de leite. Um dos destaques é o arranjo institucional liderado pela Associação dos Municípios da Fronteira Noroeste (Amufron), voltado à construção de estratégias para o desenvolvimento sustentável da bacia leiteira local.

Em 2025, a Emater/RS-Ascar prestou assistência técnica a mais de 1.900 famílias produtoras de leite na região, com ações focadas em tecnologia, agroindustrialização e qualificação produtiva. Apesar dos avanços, persistem desafios relevantes: 45% dos produtores citam o preço do leite como principal problema, 55% apontam a falta de mão de obra e 40% relatam ausência de sucessores. Além disso, 17% enfrentam dificuldades para atingir a escala mínima exigida pelas indústrias, reforçando o debate sobre o futuro da atividade.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Jornal Noroeste

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