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14 mar 2025
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Sustentabilidade do setor foi o tema do terceiro debate promovido por Correio do Povo durante a 25ª Expodireto Cotrijal
Da esquerda para direita, Leandro Siede, Eduardo Condorelli, Poti Silveira Campos, Jair da Silva Melo, Frederico Trindade e Geomar Corazza | Foto: Camila Cunha

“Produção sustentável na cadeia leiteira” foi o tema do terceiro e penúltimo encontro do ciclo Correio Rural Debates, na 25ª Expodireto Cotrijal.

Os participantes examinaram, principalmente, a estagnação do setor no Estado e a necessidade de assegurar a sucessão rural nas propriedades.

O evento promovido pelo Correio do Povo reuniu, em Não-Me-Toque, no Noroeste do Estado, o gerente de Suprimentos de Leite da Cooperativa Geral Gaúcha (CCGL), Jair da Silva Melo, Eduardo Condorelli, diretor-superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/RS), Geomar Corassa, gerente de Pesquisa, também da CCGL, Frederico Trindade, gerente de Produção Animal da Cotrisal, de Sarandi, e Leandro Siede, produtor de leite de Ajuricaba.

Na segunda parte do programa, Siede deu lugar à filha e sua sucessora no comando do empreendimento, Vitória Siede Rader. O debate foi conduzido pelo jornalista e editor-assistente de Rural do Correio do Povo, Poti Silveira Campos.

De acordo com o gerente de suprimentos, hoje 34 mil agropecuaristas atuam na bovinocultura de leite no Estado. Na avaliação de Melo, além da garantia de renda ao produtor, o estabelecimento da sustentabilidade envolve temas como sucessão rural e gestão das propriedades.

Eduardo Condorelli ressaltou que a cadeia produtiva do leite tem capacidade para absorver a produção de um número muito maior de empreendedores, quando comparada a outros segmentos do agro. “São pouquíssimas as cadeias que tem essa capacidade”. Condorelli exemplificou citando o cultivo de morangos.

“Se tivéssemos mais de 30 mil produtores oferecendo moranguinho, morreríamos soterrados numa pilha da fruta. Não há mercado para tudo isso”, disse. “O leite, assim como outras pouquíssimas cadeias, ainda permite que um número grande de produtores possa participar”, complementou Eduardo Condorelli.

Frederico Trindade salientou a importância da “gestão do capital humano”, retomando o enfoque sugerido por Melo.

“Como é que os produtores vão organizar suas propriedades com seus filhos, com os seus irmãos, com os seus sobrinhos, com a mão de obra contratada? Bons produtores tiveram que abandonar seus estabelecimentos em razão das pessoas”, alertou Frederico Trindade, gerente da Cotrisal.

Conforme Trindade, mesmo obtendo rentabilidade satisfatória, muitos produtores desistem de prosseguir com o negócio porque “travaram na mão de obra”.

Principal gargalo

Para Leandro Siede, a sucessão administrativa das propriedades representa “o principal gargalo, mais do que a mão de obra ou do que o financeiro.

E não só na propriedade leiteira, mas da agricultura, de um modo geral. Felizmente, no meu caso, tenho uma filha que, enfim, está tocando o negócio”. O produtor foi questionado por Condorelli sobre o que teria motivado a filha de Siede a assumir a continuidade da empresa familiar.

“Eu sempre tentei ter um nível de vida bom e manter minhas filhas próximas do negócio”, respondeu Leandro Siede.

O produtor acredita que os jovens têm maior facilidade para lidar com ferramentas modernas de administração.

Na segunda parte do debate, Vitória confirmou que sempre se sentiu muito inclusa na propriedade. “O leite e a vaca sempre estiveram muito presentes na minha vida e eu sempre tive muita vontade de entrar mais ainda na propriedade” explicou a produtora.

Vitória afirmou ainda que a atuação da CCGL, apresentando recursos de gestão, facilitou para que ela ocupar o espaço do pai como responsável pelo empreendimento.

“De primeira, fiquei meio ressentida, não tinha certeza se conseguiria”, revelou Vitória Siede Rader.

Geomar Corassa ressaltou a importância do clima e do solo na produção de leite, lembrando que o bovino retira da terra as substâncias que converterá em leite. Com isso, a ocorrência de fenômenos climáticos como enchentes e estiagens também têm grande relevância para o setor.

“Existe a irrigação, que é uma grande alternativa nesse processo, para garantir produção e também o olhar para aquilo que não enxergamos, mas que está abaixo do solo”, disse Corassa. “Afinal, ali é um grande local de armazenagem de água”, complementou.

De acordo com o gerente da CCGL, o volume anual médio de precipitações no Rio Grande do Sul está situado entre 1,8 mil e 2 mil milímetros, o que seria suficiente para manter uma reserva hídrica razoável.

“Não temos um problema de falta de água. Temos um problema de distribuição de água”, apontou Geomar Corassa.

 

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