Segundo presidente da Abraleite, os valores pagos aos pecuaristas nem sequer cobrem os custos de produção, que subiram bastante nos últimos meses
O Brasil tem quase 1,2 milhão de propriedades com pecuária leiteira. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, o setor gera 20 milhões de empregos diretos e indiretos. Diante desta importância social e econômica, ele pede ao governo ações para manter os produtos no campo em meio à alta dos custos de produção.
Uma das medidas, segundo ele, é não só reverter o corte na subvenção do Plano Safra 2021/22, como também aumentar os recursos para incentivar o setor. “Isso deveria ser uma estratégia do governo. Tirar o dinheiro para equalização seria andar na contramão. O governo precisa valorizar a classe produtora como um tudo, que coloca comida na mesa dos brasileiros e exporta para centenas de países”, diz,
Borges afirma que a associação vem avisando o governo federal sobre a crise há mais de um ano, quando os custos dos insumos começaram a subir. “O preço pago ao produtor de leite não acompanha”, comenta. Ele lembra que o fechamento de bares e restaurantes reduziu o consumo de lácteos. “Isso tudo cria uma tempestade perfeita”.
Para piorar, o produtor de leite viu as importações baterem recorde no segundo semestre do ano passado. E elas continuam altas, segundo a Abraleite: o Brasil importou 45% mais em março deste ano do que no mesmo período do ano passado.
O presidente da entidade também comentou sobre os preços mínimos do leite. Em Rondônia, por exemplo, o Conselho Paritário Produtores/Indústria de leite (Conseleite) divulgou o valor referente ao produto captado em março e pago em abril: R$ 1,2560. Segundo Borges, isso não é suficiente nem para cobrir os custos. “É um valor muito irrisório, e isso está acontecendo em todo o Brasil”, diz.
De acordo com o dirigente da Abraleite, apesar de a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, mostrar-se aberta a ajudar o setor, nada de concreto foi feito ainda. Ele reforça que já que o governo não pode interferir nos preços diretamente, o Executivo deve ajudar a organizar a cadeia. “Ela é muito heterogênea, vai de agricultores familiares até grandes produtores. São muitas formas de produzir. A gente tem cenários diferentes em cada região, estado e bacia leiteira”.