Uma produtora da Toledo, na região Oeste do Paraná, revolucionou a produção de leite e queijo na propriedade da família, a partir do investimento em uma pequena agroindústria.
O jeito foi vestir a camisa de produtora rural e ir atrás de conhecimento.

Quando completou 18 anos, em 2007, Kelly Patrícia Stein percorreu um caminho comum aos jovens do campo.

Deixou a propriedade rural dos pais para estudar e trabalhar na área urbana de Toledo, na região Oeste do Paraná. Apenas em 2017, quando a mãe passou por uma cirurgia, Kelly retornou à área rural.

O jeito foi vestir a camisa de produtora rural e ir atrás de conhecimento. Hoje, após investir R$ 260 mil na construção de uma agroindústria (boa parte com recursos próprios), a produtora tem o esforço reconhecido com a medalha de bronze com seu queijo coalho, no Prêmio Queijos do Paraná, iniciativa idealizada pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, Sebrae-PR, IDR-Paraná e Sindileite-PR.

A trajetória até o feito não foi fácil. Quando Kelly chegou à propriedade de cerca de 30 hectares, a produção de leite não era profissionalizada e contava com três animais, sendo apenas um em lactação. Aos poucos, com o recurso proveniente da venda de queijos, conseguiram ampliar o plantel. A virada veio com a ajuda dos cursos do SENAR-PR. Inclusive, no momento em que atendeu à reportagem da revista Boletim Informativo da CNA, Kelly estava participando de uma turma da capacitação “Boas Práticas Agropecuárias”.

“Já perdi a conta de quantos cursos fiz. Desde o início, fui atrás de conhecimento, para verificar tudo o que precisava para produzir leite em maior quantidade e com mais qualidade. Pesquisamos sobre a construção da queijaria e como obter o Serviço de Inspeção Municipal [SIM] . Concluímos em 2021”, compartilha Kelly.

A planta da pequena queijaria começou com 30 metros quadrados, resultado do investimento de R$ 200 mil (a maioria com recursos próprios). Agora, com a ampliação em andamento, a construção vai ter áreas para embalagem e expedição, em um projeto que custou mais R$ 60 mil. “Hoje, são 16 vacas, sendo 11 em lactação, com uma produção de 140 litros de leite por dia. Transformamos tudo em queijo, o que rende 18 quilos por dia”, revela a produtora.

queijo
Foto: CNA

A queijaria produz dois tipos de queijo: colonial, vendido a R$ 37 o quilo, e coalho, a R$ 40 o quilo. Os produtos atraem apreciadores e também lojas especializadas e restaurantes. “Nossa ideia é ampliar a produção com leite próprio. Nesse momento, estou investindo para aumentar o plantel com novilhas que estão vindo do nosso próprio rebanho”, explica.

O projeto de expansão ganhou força com a medalha de bronze no Prêmio Queijos do Paraná com o queijo coalho. Tanto que o marido Gesser Júnior Buss largou o trabalho de operador de máquinas na cidade para se dedicar à atividade leiteira na propriedade.

“O reconhecimento do prêmio serviu para mostrar que a queijaria está no caminho certo e dar o empurrão que faltava. Nós já estamos encaminhando a documentação para termos um selo de inspeção que permita comercializar queijos em todo o Paraná”, conta.

Como a queijaria faz parte de um projeto de incentivo à fabricação de queijos finos, do Biopark, de Toledo, Kelly está em vias de começar testes com uma nova receita. A intenção é produzir o chamado “Luar”, uma releitura do “Queijo do Reino”, primeiro queijo maturado brasileiro, inventado no século XIX, e inspirado em produtos lácteos maturados vindos da Europa.

“Como é um queijo em desenvolvimento e autoral, precisa terminar a parte burocrática antes de fazer os testes junto ao Biopark. Mas estamos no caminho”, antecipa.

 

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O documentário de curta metragem foi contemplado pelo edital da Lei de Incentivo Paulo Gustavo, conta com o apoio da Prefeitura Municipal e tem como objetivo apresentar a relevância cultural, social e econômica da produção de laticínios em Carambeí, município cuja história se entrelaça com a imigração europeia e com a própria história do leite no Sul do Brasil.

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