Iniciativa do Sebrae/PR e parceiros reuniu mais de 190 empresas no estado para o desenvolvimento de planos tecnológicos e de inovação para o setor 

Gilvan Malacarne cresceu ajudando o pai a produzir e vender queijos artesanais. Por esse motivo, quando escolheu o ofício, não negou o histórico familiar e se especializou na atividade leiteira. Em 1998, fundou o laticínio Lactomil, em Serranópolis do Iguaçu, no oeste do Paraná. Há mais de vinte anos no mercado, a empresa foi além do leite e passou a explorar produtos derivados, com a intenção de agregar valor e ampliar mercado. Porém, o empreendedor encontrou um desafio em meio a caminhada de sucesso: a falta de sucessão familiar.

“De toda a família, fui o único que permaneceu na área. Agora, percebi a dificuldade sobre a sucessão. Não consegui pensar em alguém para seguir com os negócios e, por isso senti, necessidade de buscar capacitação para inovar a visão sobre a empresa”, relata.

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Por Color Shin/Reprodução

Uma das oportunidades aproveitadas por Gilvan foi o Foresight Leite e Derivados, uma governança formada por entidades, produtores, cooperativas e empresários da área de laticínios e similares de três regiões do Paraná, que visa entender as perspectivas do presente e projetar ações, estratégias e investimentos para o futuro da cadeia do leite.

O projeto foi desenvolvido pelo Sebrae/PR e parceiros nas regiões Oeste, Sudoeste e Norte. Entre os principais resultados colhidos, estão: a definição do cenário tecnológico, que mostra os pontos fortes do setor e quais aspectos devem ser aprimorados; a organização do cluster em forma de governança; a possibilidade da formação de um ecossistema onde instituições prestadoras de serviço conseguem interagir de forma mais simples com as empresas; a elaboração de um plano de benchmarking internacional por meio da Missão Técnica Internacional, que levou os produtores, empresários e parceiros para a Feira Internacional do Queijo, realizada em Bérgamo, na Itália.

Foresight Leite e Derivados

O trabalho desenvolvido em conjunto com o grupo participante do Foresight, levou à formatação de uma governança da cadeia produtiva, envolvendo produtores, empresários e entidades parceiras da cadeia produtiva.

“É um legado importante, que deu um primeiro passo na união destes atores para que, agora, eles tenham os resultados do projeto em mãos e possam desenvolver novos produtos e criar novos modelos de negócio, fortalecendo a produção e impulsionando o setor”, explica consultor do Centro Tecnológico Cosmob, Emílio Beltrami, que acompanhou o grupo no Paraná.

Um dos exemplos é o de Gilvan. A partir dos estudos do programa, percebeu que poderia seguir com os negócios, mesmo sem sucessão.

“Falamos muito sobre a importância da criação de redes de cooperação, como é feito na Itália, com as cooperativas de queijo. Durante os encontros do Foresight, pesquisei sobre o assunto e formatei a cooperativa da Lactomil, onde cada produtor terá uma parte da empresa e, assim, o trabalho será para o bem comum, movimentando os negócios”, pontua o empresário.

Scheila Farias, do Laticínio Dom Pedro, de São Pedro do Iguaçu, no oeste do Paraná, participou de todos os encontros e avalia de forma positiva a mudança que começou a ocorrer nas empresas participantes.

“Ter essa experiência, entender o nosso potencial e projetar futuras ações foi importante. Percebemos que é a partir da nossa união que poderemos crescer. O programa acaba, mas os trabalhos do nosso grupo estão só começando. Temos muito para avançar”, indica a empresária.

Um dos caminhos será aproveitar a estrutura das entidades parceiras. Com os resultados dos estudos do Foresight em mãos, os produtores poderão contar com o apoio dos realizadores do Foresight Leite e Derivados, entre eles Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), Adapar, Iapar, PTI, Emater, Senai, Sindicato Rural de Cascavel,  PUC, Unioeste, Frimesa e associações comerciais de Foz do Iguaçu e Toledo (Acifi e Acit), além do Sebrae/PR e Biopark.

“No Biopark, desenvolvemos o Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Queijos Finos. Aqui, poderemos dar suporte aos produtores de leite da região Oeste, que também poderão utilizar a parceria do Sebrae/PR para melhorar os negócios. É uma união que poderá render bons frutos aos envolvidos”, conclui a gerente de alimentos do Biopark, Maike Montanhini.

Iniciado em 2018, o projeto do Foresight Leite e Derivados foi realizado em três cidades paranaenses: Cascavel, Francisco Beltrão e Ivaiporã. Parte de uma iniciativa do Sebrae Nacional, o programa fomentou a cooperação entre os produtores, o uso de novas tecnologias e deu suporte para a criação de novos produtos derivados do leite.

O principal objetivo, segundo a coordenadora estadual da indústria do Sebrae/PR, Adriana Kalinowski, foi reunir os principais atores deste setor e entender quais os principais entraves para inovar nos laticínios, com o foco no desenvolvimento de clusters tecnológicos.

“Neste período, envolvemos 36 instituições parceiras e trabalhamos com 193 empresas do Paraná, que responderam questionários para que fosse possível compreendermos quais são os gargalos tecnológicos do setor. Com o projeto, que trouxe a metodologia das cooperativas italianas, identificamos quais são as dificuldades que as propriedades daqui têm para inovar e quais são os principais desafios dos laticínios. Isso tudo vai ajudar no desenvolvimento dos negócios da cadeia”, finaliza a consultora.

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