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2 dez 2025
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📌 As projeções do USDA indicam estabilidade na produção chinesa, avanço dos grandes rebanhos e importações firmes de derivados estratégicos.
China: projeções indicam menos produtores e produção mais concentrada 🐄
China: projeções indicam menos produtores e produção mais concentrada 🐄

As projeções divulgadas pela unidade do USDA em Pequim para o mercado de lácteos da China em 2026 apontam um cenário de continuidade: produção estável, importações ajustadas e um setor cada vez mais concentrado.

O relatório Dairy and Products Annual, citado por fontes do departamento norte-americano, descreve um ciclo marcado por margens apertadas, reestruturações profundas e movimentos que já vinham tomando forma desde 2022.

Segundo a análise, a queda prolongada dos preços da matéria-prima foi um divisor de águas no setor. O USDA relata que, ao longo dos últimos dois anos, a rentabilidade dos produtores chineses ficou comprometida, afetando especialmente as fazendas com estrutura menor. A pressão sobre custos – em alguns casos, agravada pelas exigências sanitárias e ambientais – acelerou um processo de consolidação que vinha ocorrendo de forma gradual, mas que ganhou intensidade desde 2023.

A agência descreve que uma quantidade significativa de estabelecimentos com rebanhos inferiores a mil cabeças deixou o mercado ou foi incorporada por grupos de maior escala. O movimento, segundo técnicos citados no documento, responde a dinâmicas econômicas e estruturais: maiores investimentos em tecnologia, automação e sustentabilidade elevaram a barreira de entrada; ao mesmo tempo, operadores com escala ampliada conseguiram diluir custos e manter algum nível de competitividade.

Como resultado, o USDA projeta que, em 2025, as fazendas com mais de mil vacas já responderão por mais de 68% da produção nacional. É um aumento superior a dois pontos porcentuais em relação ao ano anterior, reforçando uma tendência que coloca os mega-rebanhos no centro da oferta de leite cru na China. Embora essa concentração não seja nova, especialistas ouvidos pelo USDA sugerem que o ritmo da reestruturação surpreendeu até agentes do próprio mercado doméstico.

No campo do comércio exterior, o relatório indica que as importações de leite fluido devem registrar uma queda leve em 2026. A razão é direta: a oferta local, apesar das dificuldades de margens, continua sendo suficiente para atender grande parte do consumo interno. As compras externas seguem relevantes apenas para nichos ou para atender picos específicos de demanda, mas não desempenham hoje o papel de equilíbrio estrutural que já tiveram.

Para o leite em pó desnatado (LPD), a avaliação aponta uma trajetória de crescimento da produção doméstica. A indústria chinesa tem ampliado sua capacidade de processamento e mantém programas de diversificação de portfólio que favorecem esse ingrediente. As importações, por sua vez, devem permanecer estáveis, refletindo a combinação entre autossuficiência parcial e demanda consistente das indústrias de alimentos e bebidas.

No caso do leite em pó integral (LPI), o USDA projeta estabilidade tanto no volume produzido quanto no volume importado. Fontes do setor citadas no relatório explicam que esse equilíbrio é coerente com o comportamento da demanda interna, que não apresenta oscilações bruscas e permanece sustentada pelo consumo de produtos tradicionais, além do uso industrial.

O documento também prevê um leve crescimento em manteiga e queijo, tanto na produção quanto nas importações. Segundo os analistas, a expansão está vinculada à mudança nos hábitos de consumo, impulsionada pela urbanização e pela diversificação dos padrões alimentares das novas gerações. Ao mesmo tempo, indústrias de panificação, confeitaria e food service têm elevado o uso desses dois ingredientes, mantendo o fluxo de compras externas.

O USDA destaca ainda a firmeza esperada para as importações de soro e seus derivados, utilizados principalmente pela indústria de alimentos, bebidas funcionais e nutrição infantil. Trata-se de um segmento no qual a dependência externa da China segue alta, tanto por características tecnológicas quanto pela competitividade dos exportadores tradicionais.

Em síntese, as projeções reunidas no relatório constroem uma fotografia de continuidade, com um setor que se reorganiza, mas preserva o equilíbrio entre oferta e demanda. A produção doméstica não cresce de forma expressiva, porém ganha eficiência; as importações recuam onde a autossuficiência avança, mas permanecem essenciais em categorias estratégicas. Para 2026, o USDA não prevê rupturas: apenas a confirmação de um caminho já conhecido pelo mercado chinês.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Blasina y Asociados

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