Trabalho ganhador do prêmio promovido pela Fundação Péter Murányi pode viabilizar atendimento à demanda reprimida de leite materno.
Estudo relativo à produção de leite humano em pó, realizado pelos pesquisadores Vanessa Javera e Jesuí Vergílio Visentainer, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), foi o vencedor da 19ª edição do Prêmio Péter Murányi, focada no tema Alimentação. Os autores receberão R$ 200 mil. O segundo colocado terá R$ 30 mil e o terceiro, R$ 20 mil.
A tecnologia aplicada para conservar o leite humano à temperatura ambiente deve manter suas propriedades nutricionais e biológicas. Na conversão em pó, foram aplicados dois processos que atenderam a esses critérios: liofilização; e secagem por spray drying ou atomização, método realizado a partir de um líquido ou suspensão por secagem rápida. Na comparação com o produto pasteurizado e congelado disponível nos bancos de leite materno, mantiveram-se todas as propriedades nutricionais.
Assim, na visão dos pesquisadores, a produção do produto em pó tem plenas condições de atender à demanda reprimida, aumentando o número de bebês de até seis meses de idade alimentados com leite humano e não fórmulas infantis. Até agora, os bancos de leite materno trabalham com o produto pasteurizado e congelado, cujo tempo de validade é curto e que exige infraestrutura complexa para armazenagem. Com estrutura adequada para estocagem, o produto em pó ampliaria muito a oferta, com a mesma qualidade, sabor e propriedades nutricionais e maior tempo de validade.
Vera Murányi Kiss, presidente da Fundação Péter Murányi, promotora do prêmio, salienta que o leite humano em pó pode ser uma opção clínica e social na manutenção e ampliação do aleitamento materno, que é muito importante para a saúde das crianças. “São numerosos os bebês não amamentados pelas mães, por distintas razões, aos quais tem de ser ofertadas fórmulas infantis. Sabidamente, contudo, nada substitui o leite materno, não apenas em termos nutricionais, como também para o desenvolvimento do sistema imunológico. Daí o grande significado do trabalho vencedor de nosso prêmio este ano”.
Referência em P&D
A 19ª edição do Prêmio Péter Murányi teve 124 inscritos, indicados por instituições de pesquisa e universidades. O certame é anual, com rodízio dos temas “Educação”, “Saúde”, “Ciência & Tecnologia” e “Alimentação”, sendo este o foco abordado em 2020.
Ao longo de sua trajetória, o prêmio, que se consolida como referência no campo de P&D, teve 1.704 trabalhos participantes e distribuiu R$ 3,15 milhões a pesquisadores e cientistas. Seu propósito é beneficiar populações e comunidades de nações em desenvolvimento, reconhecendo trabalhos capazes de melhorar a qualidade da vida. Os vencedores são escolhidos por um júri composto por representantes de entidades nacionais e internacionais ligadas à alimentação, representantes de universidades federais, estaduais e privadas, personalidades de renome e membros da sociedade.
A premiação conta com o apoio das seguintes entidades: CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Aciesp (Academia de Ciências do Estado de São Paulo), ABC (Academia Brasileira de Ciências), Aconbras (Associação dos Cônsules no Brasil) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Fonte: Ricardo Viveiros & Associados Oficina de Comunicação