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21 dez 2025
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🧀 Pesquisa de longo prazo indica que queijos e creme de leite gordurosos podem proteger o cérebro.
Queijo e creme de leite gordurosos desafiam mitos da nutrição 🧠
Queijo e creme de leite gordurosos desafiam mitos da nutrição 🧠

Os laticínios gordurosos voltaram ao centro do debate científico após um estudo de grande escala indicar que o consumo regular de queijos e creme de leite com alto teor de gordura pode estar associado a um menor risco de desenvolver demência.

A pesquisa foi publicada na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, e analisou dados de mais de 27 mil pessoas acompanhadas por cerca de 25 anos.

Segundo os autores, o trabalho observou uma relação consistente entre o consumo de determinados laticínios ricos em gordura e a saúde cerebral ao longo do envelhecimento. Os dados desafiam recomendações nutricionais que, por décadas, colocaram a gordura saturada no centro das restrições alimentares, especialmente quando associada a produtos como queijo e creme de leite.

“Durante muito tempo, o queijo foi classificado como um alimento que deveria ser consumido com moderação por causa da gordura”, afirmou Emily Sonestedt, PhD, pesquisadora da Universidade de Lund, na Suécia, e uma das autoras do estudo. De acordo com ela, os resultados sugerem que nem toda gordura atua da mesma forma no organismo, especialmente quando o foco é o cérebro.

Para chegar às conclusões, os pesquisadores acompanharam adultos que registraram sua alimentação durante uma semana e responderam questionários detalhados sobre seus hábitos alimentares ao longo dos anos anteriores. Além disso, os participantes relataram como preparavam suas refeições, permitindo uma avaliação mais precisa do padrão alimentar.

Na análise, os cientistas compararam indivíduos que consumiam 50 gramas ou mais de queijo gorduroso por dia — como cheddar, brie e gouda, com mais de 20% de lipídios — com aqueles que ingeriam menos de 15 gramas diariamente. Após ajustes para idade, sexo, nível educacional e qualidade geral da dieta, os resultados mostraram que o grupo com maior consumo apresentava um risco 13% menor de desenvolver demência.

Quando o foco foi direcionado a tipos específicos da doença, o impacto foi ainda mais expressivo. Entre os consumidores regulares de queijo gorduroso, o risco de demência vascular foi 29% menor, segundo os dados analisados. Também foi observada uma redução no risco da doença de Alzheimer, mas apenas em participantes que não possuíam a variante genética APOE e4, conhecida por aumentar a predisposição à enfermidade.

O creme de leite integral também entrou na análise. Pessoas que consumiam 20 gramas ou mais por dia, com teor de gordura superior a 30%, apresentaram um risco 16% menor de desenvolver demência em comparação àquelas que não consumiam o produto. Assim como no caso dos queijos, os resultados permaneceram consistentes após os ajustes estatísticos.

Por outro lado, o estudo não encontrou associações semelhantes com versões de baixo teor de gordura. O consumo de queijo light, creme de leite com redução de gordura, leite integral ou desnatado, manteiga e leites fermentados — como iogurte, kefir e leitelho — não alterou o risco de demência de forma significativa.

“Esses achados reforçam que, quando falamos de saúde cerebral, nem todos os laticínios são iguais”, explicou Sonestedt. Segundo ela, o perfil nutricional dos laticínios gordurosos pode influenciar mecanismos ligados à inflamação, ao metabolismo lipídico e à função neuronal, embora esses processos ainda precisem ser melhor compreendidos.

Apesar do impacto dos números, os próprios autores fazem uma ressalva importante: o estudo é observacional. Isso significa que não é possível afirmar que o consumo de laticínios gordurosos cause a redução do risco de demência, apenas que existe uma associação estatística entre os fatores analisados.

Ainda assim, os resultados contribuem para um debate cada vez mais presente na ciência da nutrição: a revisão do papel da gordura alimentar na saúde humana. Em um cenário de envelhecimento populacional e aumento das doenças neurodegenerativas, os dados reforçam a necessidade de avaliar alimentos de forma mais contextualizada, considerando matrizes alimentares completas e não apenas nutrientes isolados.

Para o público em geral, a mensagem é clara: o consumo moderado de laticínios gordurosos, dentro de uma dieta equilibrada, pode não ser o vilão que por anos se acreditou — e, segundo a ciência, pode até trazer benefícios inesperados para o cérebro.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de CB

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