A dificuldade em salvar vidas humanas e de animais domésticos registradas nos municípios afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul começa a se evidenciar também no campo.
Com a reabertura das estradas e retomada de parte do fornecimento elétrico e de comunicações, entidades do setor e produtores começam a perceber o tamanho das perdas diretas e indiretas entre os animais das fazendas. Faltou ração por causa de estradas bloqueadas, e haverá problemas de abastecimento de carne e de leite até que a cadeia seja reestabelecida. Produtores também relatam mortes de milhares de animais nas redes.
Muitos colaboradores do setor perderam todos os bens. Documento divulgado pela ANPA com apoio da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) e pelo Sindicato das Indústrias Produtoras de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (SIPS) afirma que a prioridade, neste momento, é salvar vidas e permitir o necessário à sobrevivência daqueles mais impactados.
Produtores estão sem água, luz e telefone. A “alimentação dos animais que estão no campo” é outro ponto destacado, pois os núcleos de produção gaúchos, têm enfrentado “não apenas perdas estruturais, mas também de itens básicos como água, luz e telecomunicações.” As entidades informaram ainda que estão “monitorando o quadro da avicultura e da suinocultura do estado, após os trágicos acontecimentos em curso desde a semana passada.”
Abastecimento de alimentos para animais chegou a ser interrompido
Apenas agora os produtores estão tendo a dimensão das perdas. Valdecir Luis Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), diz que o acesso às fazendas começou a ser retomado entre ontem (5) e hoje (6). “Alguns acessos foram liberados para caminhões de ração. As granjas estavam até sábado sem informação nenhuma, sem internet, luz. Com a melhora do trânsito e algumas barreiras removidas, está fluindo melhor, mas não sabemos ainda quantos animais morreram e quantas granjas estão destruídas”, aponta Folador.
Houve problemas no abastecimento e no escoamento das fazendas, inclusive de locais não afetados por enchentes intensas. Segundo o presidente da ACSURS, os silos com alimentos para os animais têm uma duração média de quatro a seis dias, sendo que muitos foram pegos em fase de reposição pelo fechamento de estradas ou tiveram estoques estragados pela água ou por não terem sido entregues a tempo.
Ração precisou ser racionada. “Foi acabando a ração e o pessoal começou a restringir o volume diário para aguentar mais. Conseguindo levar ração, nos dá uma condição mais positiva, um pouco mais de tranquilidade, dos animais não sofrerem ou passarem fome”, diz Folador.
Relatos de mortes de animais nas redes
Produtor afirma que perdeu milhares de aves. No Município de Tupandi (81 km de Porto Alegre), a prefeitura divulgou em seu Instagram que pecuaristas locais chegaram a perder de 75% a 100% dos animais das propriedades. O granjeiro Antenor Brum, 55 anos, por exemplo, perdeu todo o aviário de frango de grande porte por conta do deslizamento de terra – o espaço de 130 metros abrigava 14 mil frangos que haviam chegado há cerca de 40 dias.