Requeijão cremoso com amido de milho? Será que pode? A diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Ana Lúcia Viana, disse que “até pode”, desde que a informação conste no rótulo do produto.
Ela explicou que a prática, por si só, não configura crime ou, necessariamente, é danosa à saúde, mas é preciso ser transparente com o consumidor. O requeijão que leva adição de amido deve ter no rótulo a informação “Mistura de Requeijão e Amido”, de acordo como o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Requeijão. proposto pelo Mapa”, falou.
Essa semana, o Ministério apreendeu 180 amostras de requeijão de corte e requeijão cremoso em 66 estabelecimentos de nove estados (Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo). Ana Lúcia explicou que a operação foi motivada por dezenas de reclamações de consumidores, a respeito da qualidade dos produtos, por meio da Ouvidoria do órgão.
Os resultados das análises apontaram um índice de 5% de não conformidade. Das 179 amostras analisadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA), nove apresentaram resultados que indicam a presença de amido.
Questão de escolha
Elmer Ferreira, especialista em queijos e consultor do Centro de Referência do Queijo Artesanal de Minas Gerais explicou que a prática não é novidade. “Alguns laticínios fazem isso há muito tempo para baratear os custos. Não é contra o regulamento técnico, mas o consumidor precisa estar ciente. Além do mais, o requeijão com amido, certamente, perde um pouco de sua qualidade e cremosidade”.
Mesma opinião tem o diretor-tecnológico do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Minas Gerais (Silemg), Yago Silveira. Ele confirma que a adição do amido não constitui ilegalidade. É uma decisão da marca acrescentar ou não. Já que adicionar amido reduz o custo do produto. “Por outro lado, perde-se nas questões sensorial e de cremosidade. Logo é uma balança que cada marca avalia dentro de sua estratégia de posicionamento no mercado”, explicou. Para o consumidor, essa também é uma questão de escolha. “Ele pode optar por um produto mais barato, mas que não ‘entrega’ a mesma qualidade naqueles quesitos ou pagar um pouco mais em um produto de primeira. Quando adicionado, a indústria é obrigada a informar no rótulo”.
Duas delícias; dois jeitos de fazer
O requeijão cremoso é, geralmente, utilizado para comer com pão, torradas e bolachas, e também na culinária para deixar os recheios e molhos mais cremosos. O produto possui um sabor suave e é feito de massa de queijo, creme de leite e água.
O que difere o requeijão cremoso do requeijão amarelo, de corte, é o processo de fabricação. Segundo Elmer, o tempo de fusão da massa do requeijão é maior e ele também tem uma maior quantidade de gordura (manteiga).
O requeijão em barra é a variedade mais antiga, essencialmente de produção artesanal. É um laticínio sólido, de cor amarela, feito de leite de vaca.
É encontrado na culinária goiana, paulista, baiana e mineira. É conhecido como requeijão crioulo ou “moreno” (como no Norte de Minas) e torna-se escuro devido ao cozimento intenso.
O requeijão cremoso é uma variedade mais conhecida devido à produção industrial. O que pouca gente sabe é que ele foi “inventado” por um mineiro! O Moacyr de Carvalho Dias, de Poços de Caldas, era produtor rural e dono do laticínio Poços de Caldas. Gostava de fazer experiências na cozinha e criar animais silvestres, chegando a ser considerado o maior do país.
Obcecado, consta que ele fez mais de 600 tentativas até chegar à receita do requeijão cremoso que conhecemos hoje, comercializado em copos de vidro ou plástico. Moacyr morreu em 2017 aos 96 anos.
O requeijão ‘Moreno’
No processo de feitura do requeijão moreno, que dura cerca de dois dias, são usados, em média, dez litros de leite. Primeiro, é preciso deixá-lo talhar para, depois, levar ao fogo e mexer bem. São três os principais tipos: moreno, o branco e o com raspas de tacho, comuns no Sul, Centro-Oeste e Norte de Minas.
O requeijão escuro, conhecido como ‘do Norte’, possui um sabor mais amendoado e uma textura um pouco menos cremosa do que o branco e o de raspa. Mas, atenção! Quando o leite utilizado não tem boa qualidade, o requeijão fica duro e não derrete direito.
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