Produção de leite no RS está em 60% da capacidade; a alimentação dos animais é um dos principais desafios.
Produção “Além das instalações, do gado, da saúde do gado, vai precisar recuperar o solo”
“Além das instalações, do gado, da saúde do gado, vai precisar recuperar o solo”.

A produção de leite no Rio Grande do Sul, que já enfrentava problemas de preço e concorrência com o produto importado, sofre ainda mais os impactos das inundações.

A produção atual está em 60% da capacidade, de acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetag-RS). “Já vinham com muitos problemas e, agora, esses que perderam as vacas, muitos desses vão desistir, vão sair da atividade”, avalia o presidente da entidade Carlos Joel da Silva.

Ele conta que, mesmo com os prejuízos ainda sendo levantados, o cenário é preocupante, porque 50% dos produtores de leite foram afetados. Sem energia elétrica, eles deixaram de enviar 4 milhões de litros de leite para a indústria por dia. A produção diária do estado é 11 milhões de litros e, desse volume, 30% ficam no mercado interno. Por isso, a Fetag avalia que não faltará leite para consumo dos gaúchos, mas a produção total vai reduzir.

“As vacas que foram embora não se recupera de uma hora para outra; a genética leva anos para construir. É uma catástrofe, uma tragédia. Não tem outras palavras pra isso”.

Carlos Joel da Silva – presidente da Fetag-RS

A alimentação dos animais é um dos desafios, apesar das inúmeras doações de produtores rurais de regiões gaúchas que não foram afetadas e também de outros estados. A infraestrutura logística para chegar nas propriedades ainda está sendo recuperada.

“As vacas estão comendo o que tem, não o que precisam”, desabafa. Tang conta que as vacas estão recebendo um terço da ração porque têm a silagem como outra opção. A prioridade da ração tem sido para suínos e aves, que têm uma dieta restrita ao produto.

“Os animais não estão passando fome. Mas uma coisa é manter vivo; outra é manter produtivo”

Mauro Tang – presidente da Gadolando

Por isso, a recuperação da produção de leite é algo que vai acontecer a longo prazo, na avaliação de Tang. “Além das instalações, do gado, da saúde do gado, vai precisar recuperar o solo”, afirma.

A opinião é a mesma da Fetag, que pede mais recursos para o setor e defende juro zero e um fundo de aval para facilitar o acesso dos produtores rurais ao crédito. “Vai ser uma retomada mais lenta, com bastante dificuldade. Mas o agricultor é muito forte. Se tiver financiamentos a disposição, com juros compatíveis, no ano que vem nós já estaremos recuperados”, avalia.

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