Ao longo de 2024, e há mais de dois anos, a South Dairy Trade se estabeleceu como a principal fonte de acesso aberto e informações transparentes sobre o desempenho comercial do Uruguai e da Argentina no mercado global de laticínios.
O trabalho forneceu informações precisas e confiáveis de grande valor agregado para agentes comerciais, fornecedores de laticínios, comerciantes, jornalistas e os principais participantes do setor global de laticínios, que buscam entender e analisar o mercado sul-americano de laticínios em profundidade, facilitando a tomada de decisões estratégicas e promovendo maior competitividade no setor.
Análise das exportações de laticínios do Uruguai em 2024: volume e valor FOB O Uruguai encerrou 2024 com um sólido desempenho no setor de laticínios, consolidando sua posição como um dos principais exportadores da região.
De acordo com dados compilados pela South Dairy Trade Uruguai, o país exportou um total de 209.081 toneladas de produtos lácteos, alcançando um valor FOB total de US$ 739.189.065,86, chegando a 71 destinos internacionais diferentes, o que reflete sua grande diversificação e amplo alcance no mundo.
Abaixo está uma análise da composição das exportações por volume e valor, destacando os produtos mais representativos do setor de laticínios uruguaio e sua participação relativa.
Outros produtos exportados em termos de volume:
● Leite em pó desnatado (LPD): 19.101,20 toneladas (9,14%)
● D40: 12.883,95 toneladas (6,16%)
● Manteiga: 11.466,29 toneladas (5,48%)
● Queijo semiduro: 5.074,17 toneladas (2,43%)
● Queijo duro: 3.087,44 toneladas (1,48%)
● Leitelho: 886 toneladas (0,42%)
Deve-se observar que os principais mercados de exportação em termos de volume foram o Brasil, a Argélia e a China, consolidando-se como destinos estratégicos para a indústria de laticínios uruguaia.
2. Exportações por valor FOB: contribuição econômica de cada produto
Em termos de valor FOB, a LPI também domina, com receitas de US$ 559.864.797,80, representando 75,74% do valor total das exportações de laticínios.
Entretanto, alguns produtos apresentam uma relação volume/valor mais favorável, com a manteiga e os queijos se destacando por seu valor agregado.
Detalhamento do valor FOB por produto:
● Leite em pó integral (LPI): US$ 559.864.797,80 (75,74%)
● Manteiga: US$ 64.009.773,20 (8,66%)
● Leite em pó desnatado (LPD): US$ 55.981.972,81 (7,57%)
● Queijo semiduro: US$ 24.542.259,22 (3,32%)
● Queijo duro: US$ 19.213.213,16 (2,60%)
● D40: $13.539.791,88 USD (1,83%)
● Leitelho: US$ 2.037.257,79 (0,28%)
3. Relação entre volume e valor: oportunidades de crescimento
Embora o LPI domine tanto em volume quanto em valor, produtos como manteiga e queijos apresentam um preço médio mais alto por tonelada exportada, o que sugere oportunidades de crescimento em mercados premium. Algumas percepções importantes:
● A manteiga, com um volume de 5,48%, contribui com 8,66% do valor total, indicando um produto de maior valor por unidade exportada.
● Os queijos (semiduros e duros) representam apenas 3,91% do volume e contribuem com 5,92% do total em valor, refletindo seu potencial em nichos de qualidade.
Conclusão e perspectivas para 2025
O desempenho das exportações de laticínios do Uruguai em 2024 mostra uma alta dependência do LPI, o que gera estabilidade, mas também um certo grau de vulnerabilidade às flutuações dos preços internacionais.
Embora saibamos que o principal fluxo de volume é destinado ao Brasil, país com o qual há benefícios vinculados ao tratado do Mercosul, e onde também há uma forte aceitação e posicionamento histórico do produto de origem uruguaia, há um conflito à porta devido à acusação do governo brasileiro por supostas práticas de dumping das exportações do Uruguai e da Argentina, em dezembro de 2024, o que leva a repensar a estratégia comercial para 2025.
A diversificação dos mercados-alvo, como produtos de maior valor agregado (por exemplo, manteiga e queijos), pode ser um fator determinante para aumentar a lucratividade do setor em 2025, sem afetar o comércio internacional de laticínios nos primeiros meses do ano, até que a situação se normalize.
Autor: Gonzalo Peralta Palomas, Diretor da South Dairy Trade.