No caso da fabricante Aviação, a falta de creme de leite levou a uma redução de 30% na fabricação de manteiga nos últimos meses. O presidente da empresa, Roberto Rezende, conta que o preço da matéria-prima subiu até 40% durante o período de seca. “O pior é que nós não conseguimos repassar esse ajuste para o consumidor”, afirma.
Para Rezende, o mercado brasileiro não tem capacidade de produzir, sem interrupções, a quantidade de creme de leite necessária para o abastecimento de manteiga durante períodos de crise. Hoje, para manter a fabricação do seu principal produto, a Aviação negocia a matéria-prima com cerca de 40 fornecedores.
Preço alto fez fornecedor migrar para o leite longa vida
Além do leite mais “magro”, as empresas que produzem manteiga enfrentaram outra questão: a preferência dos pecuaristas em vender a matéria-prima para fabricantes de leite UHT, aquele de “caixinha”.
Ao mesmo tempo que a manteiga ficava mais cara, o preço da caixa de leite longa vida disparava nos supermercados. Em julho deste ano, no pico da entressafra, o preço do leite chegou a subir 66%, de acordo com a inflação pelo IPCA, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O economista André Braz, do Ibre/FGV, afirma que a situação da produção de leite no País deve ser normalizada até o fim do ano, já que os próximos meses devem trazer mais chuvas, ampliando a disponibilidade de pasto para o gado.
“A primavera e o verão são períodos mais generosos para a produção de leite no Brasil”, diz o especialista. Para o consumidor final, a redução nos preços da manteiga deve vir só no começo do próximo ano, diz.
Com informações de Estadão Conteúdo