A biotecnologia tornou-se o pilar da nova estratégia agroindustrial do Uruguai em 2025, com o objetivo de consolidar o país como hub regional de inovação em alimentos e bebidas até 2030.
Segundo informações oficiais divulgadas pelo setor, essa mudança busca manter a competitividade internacional e atender consumidores cada vez mais atentos a produtos funcionais, saudáveis e sustentáveis.
O movimento representa uma evolução para uma economia historicamente vinculada à produção agropecuária. Agora, além da produção tradicional de carne e leite — que seguem como pilares da exportação —, o foco é agregar valor por meio da ciência aplicada e diversificar a matriz produtiva.
Fermentação de precisão e proteínas alternativas
Entre os campos mais promissores, a fermentação de precisão se destaca. Essa técnica utiliza microrganismos modificados ou selecionados para gerar compostos de interesse alimentício, como proteínas, enzimas e lipídios específicos.
Conforme dados da MarketsandMarkets, a indústria global de proteínas alternativas deve ultrapassar USD 36 bilhões até 2030, o que abre uma janela estratégica para o Uruguai.
Startups locais já trabalham em soluções que não competem diretamente com a carne e o leite, mas os complementam. Entre elas, encontram-se substitutos lácteos enriquecidos com aminoácidos essenciais, proteínas vegetais de alta digestibilidade e aditivos naturais que melhoram textura, sabor e estabilidade de alimentos.
Inovação no setor lácteo e em bebidas funcionais
O setor lácteo uruguaio, tradicional motor da economia, vem incorporando biotecnologia por meio do uso de culturas microbianas otimizadas.
Graças à seleção genômica de cepas específicas, é possível produzir iogurtes e queijos com probióticos avançados, capazes de melhorar a digestão, fortalecer o sistema imunológico e até contribuir na prevenção de doenças metabólicas.
Já a indústria de bebidas explora águas funcionais enriquecidas com peptídeos bioativos, sucos com antioxidantes obtidos de microrganismos e bebidas fermentadas com compostos anti-inflamatórios. Esses produtos atendem um consumidor que valoriza a ciência por trás de cada rótulo.
Segurança alimentar e sustentabilidade
A inocuidade é outra frente em que a biotecnologia se mostra essencial. O país implementa biossensores capazes de detectar contaminantes e toxinas em tempo real, aumentando a segurança dos alimentos processados e fortalecendo sua imagem perante mercados rigorosos, como a União Europeia.
Paralelamente, a inovação se conecta com a sustentabilidade: pesquisadores desenvolvem enzimas que reaproveitam subprodutos da indústria láctea e cárnea, transformando-os em suplementos nutricionais ou insumos para ração animal. Além disso, há projetos de bioplásticos feitos a partir de resíduos agroindustriais, alinhados com políticas globais de economia circular.
Ciência, investimento e perspectivas
O êxito dessa estratégia depende da sinergia entre instituições científicas, governo e empresas privadas. Entidades como o Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (INIA) e a Universidad de la República têm papel central na transferência de tecnologia para o setor produtivo.
Além disso, fundos de investimento especializados começam a impulsionar startups, convertendo pesquisas de laboratório em soluções comerciais.
Com essa agenda, o Uruguai pretende posicionar-se como referência regional em biotecnologia aplicada à alimentação e às bebidas até 2030.
Em um cenário global onde a demanda por produtos funcionais, seguros e ambientalmente responsáveis só cresce, o país demonstra que, mesmo com uma economia de escala modesta, é possível liderar transformações estruturais com base em ciência e inovação.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de FoodNewsLatam