A proposta é que médicos veterinários residentes possam atuar em agroindústrias, como laticínios, abatedouros, cooperativas, órgãos extensionistas e propriedades rurais em atividades relacionadas à cadeia produtiva de proteína animal – leite e derivados e carnes.
Proteína animal - Além de atender aos estudantes de Medicina Veterinária, o Grupo também divulga informações sobre a área por meio das mídias digitais.
Além de atender aos estudantes de Medicina Veterinária, o Grupo também divulga informações sobre a área por meio das mídias digitais.

O Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal (LIPOA), juntamente com o Programa de Residência em Inspeção de Leite e Derivados da UEL, está buscando indústrias parceiras interessadas em receber assessoria e acompanhamento dos processos de produção.

A proposta é que médicos veterinários residentes possam atuar em agroindústrias, como laticínios, abatedouros, cooperativas, órgãos extensionistas e propriedades rurais em atividades relacionadas à cadeia produtiva de proteína animal – leite e derivados e carnes.

O trabalho tem custo zero para as empresas e busca proporcionar uma experiência prática para os residentes. 

Segundo o coordenador da Residência, professor Rafael Fagnani, esta atividade não é novidade para os profissionais formados na UEL, mas sofreu uma redução nos últimos anos em virtude da pandemia do coronavírus, a partir de 2020. A proposta é retomar essa assessoria e promover maior interação entre a academia e empresas, cooperativas e produtores rurais de pequeno e grande porte. O programa conta hoje com oito residentes, dois professores e um técnico de nível superior. O trabalho pode ser definido como estudo e desenvolvimento de tecnologias de inspeção de leite e derivados, além de outros produtos de origem animal. O laboratório realiza análises físico-químicas e microbiológicas de carne, leite e derivados e demais produtos oriundos de proteína animal.

Enquanto no exterior pesquisadores atuam em grande número na indústria alimentícia, no Brasil essa relação ainda é bem pequena. Para o professor Rafael uma aproximação entre a academia e a iniciativa privada poderia trazer benefícios evidentes com as indústrias e ganhar acesso a recursos humanos qualificados, novas ideias, perspectivas inovadoras e soluções concretas para desafios operacionais. Da mesma forma, estudantes em qualificação, como é o caso dos residentes, teriam oportunidade de uma experiência prática valiosa, complementando e enriquecendo a formação acadêmica.

Eficiência

A inclusão de um residente na indústria proporciona orientações e acompanhamento dos técnicos que atuam no trabalho de fiscalização, melhorando a eficiência e qualidade da produção. De acordo com o professor, em geral os profissionais da área trabalham sobrecarregados, com responsabilidade muitas vezes de averiguar plantas (infraestrutura) grandes, vários processos e etapas. “Entendemos que a metodologia científica pode colaborar para driblar diversos desafios”, pontua ele.

Um problema de contaminação, por exemplo, exige o rastreamento feito por profissional treinado. Para efeito de comparação, é como se fosse identificar um vazamento de água em uma residência grande, sem ter evidências de onde ocorre o problema.

O profissional capacitado trabalha a partir do olhar sobre todo o fluxo de produção, considerando ainda a movimentação dos colaboradores. O trabalho, dependendo do porte da indústria, exige uma averiguação detalhada de processos e etapas. Além da fiscalização, a assessoria também pode colaborar com problemas tecnológicos, ou seja, detectando fatores da cadeia produtiva que interferem na qualidade do produto final. Este tipo de atividade é ainda mais desafiador na chamada Indústria 4.0, que se baseia na utilização de tecnologia digital e em métodos de produção baseados na automação do trabalho, robótica, inteligência artificial, internet das coisas e inteligência de dados, dentre outras inovações.

O professor acrescenta que a atividade do médico veterinário vem sofrendo modificações a partir das necessidades da produção agropecuária. O produtor rural hoje necessita mais do que nunca reduzir custos e escalar produção, lançando mão da moderna tecnologia disponível para as diversas atividades.

Essa parceria entre indústria e academia representa uma oportunidade para todos os envolvidos. Indústrias ou cooperativas interessadas podem entrar em contato com o coordenador do curso de residência, professor Rafael Fagnani pelo e-mail rafaelfagnani@uel.br ou pelo telefone/WhatsApp (43) 99128-9185.

 

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Saúde

A importância da inspeção sanitária está ligada à saúde e às garantias do direito do consumidor final. Profissionais especializados nesta área enfatizam que a atividade está relacionada a comprovar a qualidade de um produto, atestando sua identidade (autenticidade) e inocuidade (que não causa danos à saúde do consumidor). Dessa forma, cabe aos órgãos fiscais, sejam eles municipais, estaduais ou federal, comprovar se determinado produto obedece ao que está descrito na formulação ou rótulo. Ao comprar um hamburguer, um frango inteiro congelado ou um litro de leite, é a fiscalização que garante ao consumidor um hamburguer com 100% carne bovina, um frango sem água em excesso e um leite sem adição de adulterantes, problemas que além de lesar a boa-fé de quem está comprando, também podem colocar a saúde em risco.

Segundo o professor Rafael, os órgãos de fiscalização brasileiros são confiáveis e existem exatamente para defender o consumidor. O trabalho é realizado por médicos veterinários que atuam em propriedades rurais e dentro das indústrias, fiscalizando a produção e posteriormente nas várias etapas do processamento dos alimentos.

Esta atuação também garante a saúde, evitando problemas como gastroenterite, brucelose, salmonela, tuberculose e até listeriose, doença que pode levar à morte, resultante de infecção causada pela bactéria Listeria monocytogenes, que pode ser encontrada no solo e na água, transmitida pelo consumo de água ou de alimentos contaminados, como leite não pasteurizado, queijos, verduras, frutos do mar e embutidos.

Da mesma maneira que os produtos inspecionados são confiáveis, os chamados alimentos informais podem trazer severos problemas à saúde. São aqueles muitas vezes adquiridos em feiras livres ou vendedores ambulantes. Mas hoje já é possível encontrá-los até mesmo no e-commerce. Segundo o professor Rafael, esses alimentos são romantizados, comercializados como saudáveis e sem conservantes. A totalidade dos informais analisados no laboratório ao longo de décadas de pesquisa, no entanto, sempre apresentaram alto grau de contaminação e muitas vezes adição de água.

A recomendação é consumir sempre produtos com selos de inspeção, os quais foram atestados por órgão fiscalizador, garantindo qualidade e procedência, evitando riscos à saúde, sobretudo se o alimento for direcionado a crianças, idosos ou pessoas submetidas a tratamento prolongado de doenças. “Assim como as pessoas reconhecem o selo do Inmetro, é preciso que o consumidor observe sempre o selo de inspeção”, valoriza o professor.

 

…com base na Ciência

Mais de 50 estudantes de graduação e pós-graduação já participaram das discussões realizadas dentro do Grupo de Estudos em Inspeção de Produtos de Origem Animal em quase dois anos de atividades. O objetivo é proporcionar um universo de informações sobre legislação, pesquisa e fatos relacionados ao trabalho de inspeção realizado pelo médico veterinário.

O trabalho teve início em agosto de 2022, uma iniciativa da professora Natália Gonzaga, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, interessada em proporcionar aos estudantes uma capacitação sobre uma atividade importante desenvolvida pelo profissional da área. As atividades são quinzenais e os acadêmicos participam de apresentações orais sobre temas propostos pelo próprio grupo, seguidas de debate.

Estudantes do curso de Pós-graduação em Ciência Animal, na área de inspeção de leite e derivados, fazem apresentações dos projetos desenvolvidos em dissertações ou teses. Já os alunos de Residência, especialidade em inspeção de leite e derivados, participam apresentando projetos desenvolvidos no Trabalho de Conclusão de Curso. A programação inclui ainda palestras com professores e pesquisadores convidados.

 

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O trabalho teve início em agosto de 2022, uma iniciativa da professora Natália Gonzaga (Fotos: Agência UEL).

De acordo com a professora Natália, a área de inspeção sanitária representa um campo de trabalho amplo para o médico veterinário que pode atuar na própria Vigilância Sanitária, em propriedades rurais, frigoríficos, laticínios e indústrias de ovos e mel.

Além de atender aos estudantes de Medicina Veterinária, o Grupo também divulga informações sobre a área por meio das mídias digitais. O trabalho é feito por dois bolsistas de Iniciação Científica que utilizam o Instagram (@geipoa.uel) para disseminar informações sobre a área. O objetivo é conscientizar o consumidor final sobre o direito de ter acesso a um produto de origem animal de qualidade, considerando sua identidade (autenticidade) e inocuidade (não causa danos à saúde).

A professora exemplifica com o creme de leite, que hoje pode ser adquirido em qualquer supermercado com o nome mistura láctea. Nesse último caso, o consumidor comprará um produto fabricado a partir de soro de leite e até gordura vegetal. “As pessoas precisam compreender que são produtos diferentes, sendo que a mistura é sempre mais barata, necessário ter essa clareza”, pontua.

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Além de atender aos estudantes de Medicina Veterinária, o Grupo também divulga informações sobre a área por meio das mídias digitais.

Outro objetivo em dialogar com o consumidor final está relacionado à saúde pública, ou seja, salientar que produtos que trazem selos de fiscalização na embalagem são inspecionados e não trazem riscos. Segundo ela, produtos sem inspeção, por outro lado, podem ser focos de doenças como brucelose, listeriose e outras.

“A presença de microorganismos pode não afetar quem tem boa imunidade, mas representa um risco para crianças, idosos e gestantes”, explica. Ainda este mês o Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal (LIPOA) inicia um projeto que pretende verificar a qualidade de queijos comercializados sem inspeção, considerados clandestinos.

A professora explica que a proposta é verificar a qualidade sanitária e a possível presença de bactérias como Salmonella e Escherichia coli, que podem causar dores e inflamações no trato do sistema digestivo. Natália explica que existe diferença entre o queijo clandestino e o chamado de artesanal, aquele feito de acordo com uma receita familiar, porém inspecionado. “O problema é consumir produtos sem inspeção, que não trazem segurança e por isso podem provocar riscos para o consumidor”, finaliza.

 

 

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